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As Nuvens de Gelo de Água Em Marte São A Chave Para o Estranho Ritmo Térmico do Planeta

PIA17263

observatory_150105Pesquisadores usando a sonda Mars Reconnaissance Orbiter da NASA encontraram que as temperaturas na atmosfera de Marte regularmente sobem e descem não somente uma, mas sim duas vezes por dia.

“Nós observamos o máximo da temperatura no meio do dia, mas nós também observamos um máximo da temperatura pouco depois da meia-noite”, disse Armin Kleinboehl do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Pasadena, na Califórnia, que é o principal autor do artigo que relata essas novas descobertas.

As temperaturas sofrem uma variação de 32 kelvins nesse estranho padrão diários, como foi detectado pelo instrumento Mars Slimate Sounder da MRO.

O novo conjunto de observações do Mars Climate Sounder amostrou grandes intervalos do dia e da noite em todo o planeta Marte. As observações encontraram que o padrão é dominante globalmente e durante todo o ano. A pesquisa foi relatada num artigo na revista Geophysical Research Letters.

Oscilações globais do vento, temperatura e pressão repetidas a cada dia, ou em cada fração do dia são chamadas de marés atmosféricas. Em contraste com as marés no oceano, elas são dirigidas pela variação no aquecimento entre o dia e a noite. A Terra possui maré atmosférica, também, mas na Terra, essas marés produzem uma pequena diferença na temperatura na baixa atmosfera longe do solo. Em Marte, que tem somente um por cento da atmosfera da Terra, essas marés dominam as variações de temperatura de curto prazo através da atmosfera.

As marés que sobem e descem uma vez por dia são chamadas de diurnas. Aquelas que variam duas vezes por dia são chamadas de semi-diurnas. O padrão semi-diurno em Marte foi visto pela primeira vez na década de 1970, mas até agora pensava-se que esse padrão só acontecia nas estações empoeiradas, relacionadas com o aquecimento da poeira pela luz do Sol na atmosfera.

“Nós ficamos surpresos em encontrar essa forte estrutura duas vezes por dia nas temperaturas da atmosfera não empoeirada de Marte”, disse Kleinboehl. “Enquanto que a maré diurna com a sua resposta de temperatura dominante no ciclo de dia e noite do aquecimento global de Marte seja conhecida por décadas, a descoberta de uma resposta semi-diurna persistente mesmo fora das maiores tempestades de poeira era algo inesperado e nos impressionou no que guiava essa resposta”.

Ele e seus quatro coautores encontraram a resposta nas nuvens de gelo de água de Marte. A atmosfera de Marte possui nuvens de água de gelo na maior parte do ano. As nuvens na região equatorial entre 10 a 30 quilômetros acima da superfície de Marte absorvem a luz infravermelha emitida da superfície durante o dia. Essas são nuvens relativamente transparentes, como as finas nuvens do tipo cirros encontradas na Terra. A absorção dessas nuvens é suficiente para aquecer a atmosfera intermediária a cada dia. O padrão de temperaturas semi-diurno, com o máximo da temperature variando longe dos trópicos também era inesperado, mas tem sido replicado nos modelos climáticos de Marte quando os efeitos radioativos das nuvens de gelo são incluídos.

“Nós pensamos em Marte como sendo um mundo frio e seco, com pouca água, mas na verdade existe mais vapor d’água na atmosfera de Marte do que nas camadas superiores da atmosfera da Terra”, disse Kleinboehl. “As nuvens de gelo de água têm sido conhecidas por se formarem em regiões de temperaturas frias, mas a resposta dessas nuvens na estrutura da temperatura de Marte não havia sido apreciada. Nós agora sabemos que nós teremos que considerar a estrutura da nuvem se quisermos entender a atmosfera marciana. Esse é um estudo comparável aos estudos científicos relacionados com a atmosfera da Terra, onde nós temos que entender da melhor forma possível as nuvens para estimar sua influência no clima”.

O JPL é uma divisão do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, e providenciou o instrumento Mars Climate Sounder e gerencia o projeto Mars Reconnaissance Orbiter para o Science Mission Directorate da NASA em Washington.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?release=2013-201

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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