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As Escarpas da Cratera Schrödinger na Lua


Manifestações na superfície de tensões contracionais são observadas com frequência na Lua. Algumas vezes, cadeias de dobras, desde algumas dezenas de metros até muitas centenas de quilômetros, formadas nos mares são as feições tectônicas contracionais mais fáceis de serem identificadas. Outra feição geológica resultante da contração, são as escarpas em forma de lobos, que são observadas nas terras montanhosas da Lua. A partir das imagens feitas com a câmera NAC da sonda LROC, nós sabemos agora que as escarpas em forma de lobos prevalecem nas terras montanhosas  e que são globalmente distribuídas por toda a Lua. A escarpa de Lee-Lincoln e a escarpa em forma de lobo na cratera Slipher são exemplos excelentes de escarpas localizadas nas terras montanhosas da Lua. A imagem acima revela uma escarpa em forma de lobo na Bacia Schrödinger nas coordenadas 79.30?S, 126.50?E, um exemplo menor do que as escarpas das crateras Lee-Lincoln e Slipher.

Escarpas em forma de lobo são expressões na superfície (parte visível) de uma falha que corta a crosta da Lua. Na imagem mais aberta mostrada abaixo, a crosta provavelmente está sobre uma compressão aproximadamente de norte para sul, ou seja, está sendo espremida de cima para baixo. O terreno na parte norte da imagem, se quebrou, e rolou sobre o solo na parte sul da imagem criando o bulbo óbvio. Também como as falhas na Terra, as escarpas são rasas e desaparecem, por exemplo, como pode ser visto na parte direita da imagem. Essa característica da escarpa pode ser devido à tensão contracional não uniforme nessa área, de modo que a tensão não é a mesma em todas as direções. De maneira alternativa, as rochas adjacentes podem ter sofrido diferentes esforços, que causaram a tensão para deformar as rochas de forma diferente. A história é um pouco mais complicada aqui, pois a escarpa formou no material da parede de uma bacia de impacto, que foi provavelmente pesadamente fraturado e fragmentado durante o violento impacto que formou a bacia. Essa escarpa tem aproximadamente 1.3 km de comprimento e pode se estender por algumas centenas de metros ou mais, além da borda oeste do quadro da câmera NAC. Enquanto essa escarpa fica rasa e desaparece, a imagem completa da câmera NAC inclui porções  de no mínimo duas outras escarpas em forma de lobo localizadas próximas. A história de formação da escarpa na Lua não é simples e observações adicionais são necessárias para completar a história compressional dessa área.

Fonte:

http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/460-Scarps-in-Schroedinger.html


Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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