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As Bolas de Carbono Chamadas Buckyballs São Encontradas no Espaço Pelo Telescópio Espacial Spitzer

Os astrônomos descobriram acumulações cheias de fulerenos no espaço. Eles usaram o Telescópio Espacial Spitzer da NASA para encontrar as pequenas esferas de carbono através da nossa Via Láctea – no espaço entre as estrelas e ao redor de três estrelas que estão morrendo. Além disso, o Spitzer detectou fulerenos ao de uma quarta estrela que está morrendo em uma galáxia próxima em grandes quantidades – o equivalente em massa a 15 da nossa Lua.

Os fulerenos recebem o nome em inglês de Buckyballs, eles são moléculas em forma de bola de futebol que consiste de 60 átomos de carbono ligados. Esse nome em inglês foi dado em homenagem ao arquiteto Buckminster Fuller que ficou famoso pelos sue domos geodésicos como o que é encontrado na entrada do Epcot Center na Disney. As esferas em miniatura foram descobertas pela primeira vez em laboratório na Terra há 25 anos atrás, mas foi só no último mês de Julho que o Spitzer foi capaz de fornecer  a primeira prova que confirma a existência dessas moléculas no espaço. Neste tempo os cientistas não tinham certeza se teriam sorte algum dia de encontrar esse raro elemento, ou se talvez elas realmente existiam.

“Essa descoberta transforma a nossa visão fazendo com que os fulerenos sejam mais comuns e abundantes no universo do que se pensava anteriormente”, disse a astrônoma Letzia Stanghellini do National Optical Astronomy Observatory em Tucson no Arizona. “O Spitzer recentemente as descobriu em uma localização específica, mas agora nós podemos observá-las em outros ambientes. Isso tem implicações na química da vida. É possível que os fulerenos provenientes do espaço tenham semeado a vida na Terra”.

Stanghellini é o co-autor de um novo estudo que foi apresentado pelo The Astrophysical Journal Letters. Anibal García-Hernández do Instituto de Astrofísica de Canarias na Espanha é o principal autor do artigo. Outro estudo do Spitzer sobre a descoberta de fulerenos também foi publicado recentemente no The Astrophysical Journal Letters. Esse último foi liderado por Kris Sellgren da Ohio State University em Columbus.

A equipe de García-Hernández encontrou os fulerenos ao redor de três estrelas que estão morrendo e que são parecidas com o Sol, chamadas de nebulosas planetárias, e estão localizadas na nossa Via Láctea. Esses objetos nebulosos são constituídos de material proveniente da estrela moribunda e são similares àqueles encontrados pelo Spitzer como a primeira evidência da existência dos fulerenos.

A nova pesquisa mostra que todas as nebulosas planetárias onde os fulerenos foram identificados são ricos em hidrogênio. Isso vai contra o que os pesquisadores pensavam por décadas – eles assumiam que como no caso de montar fulerenos no laboratório o hidrogênio não poderia estar presente. O hidrogênio, eles teorizaram, contaminaria o carbono, fazendo com que os átomos de carbono se combinassem em correntes e cadeias e não mais em esferas, que não possuem hidrogênio. “Nós agora sabemos que os fulerenos e o hidrogênio podem coexistir em uma nebulosa planetária, o que é realmente importante para nos dizer como elas se formaram no espaço”, disse García-Hernández.

O pesquisador García-Hernández e seus colegas também localizaram fulerenos em nebulosas planetárias dentro de uma galáxia próxima chamada de Pequena Nuvem de Magalhães. Isso foi particularmente animador para os pesquisadores, pois, em contraste com as nebulosas planetárias na Via Láctea, a distância para essa galáxia é conhecida. Sabendo a distância da fonte de fulerenos significa que os astrônomos poderiam calcular a quantidade existente, dois por cento da massa da Terra ou a massa de 15 de nossa Lua.

O outro novo estudo de Sellgren e sua equipe demonstra que os fulerenos estão também presentes no espaço entre as estrelas mas não tão distante de jovens sistemas solares. As bolas cósmicas podem ter sido formadas em nebulosas planetárias ou talvez entre as estrelas.

“É animador encontrar fulerenos entre as estrelas que ainda estão formando seus sistemas solares, como a passagem de um cometa”, disse Sellgren. “Isso pode ser o elo de ligação entre os fulerenos no espaço e os fulerenos nos meteoritos”.

As implicações são interessantes. Os cientistas especulam que no passado os fulerenos podem agir como armadilha para outras moléculas e átomos, e poderiam carregar substâncias para a Terra responsáveis por iniciar a vida no nosso planeta. Evidências para essa teoria vem do fato que os fulerenos foram encontrados em meteoritos carregando gases extraterrestres.

“Os fulerenos são um tipo de diamantes com buracos no meio”, disse Stanghellini. “Elas são moléculas incrivelmente estáveis que são difíceis de serem destruídas e poderiam carregar outras moléculas interessantes no seu interior. Nós esperamos aprender mais sobre o importante papel que elas tem na morte e no nascimento de estrelas e planetas, e talvez na vida como um todo”.

As pequenas bolas de carbono também são importante na pesquisa tecnológica. Elas tem aplicações potenciais em materiais supercondutores, aparelhos ópticos, medicamentos, purificação de água entre outras áreas.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2010-351&cid=release_2010-351&msource=2010351&tr=y&auid=7250333

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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