Duas gigantescas tempestades atingiram o Hemisfério Oeste da Terra em 2005. Todo mundo conhece o furacão Katrina que atingiu a costa do golfo do México no final de Agosto. Mas em Janeiro do mesmo ano, uma poderosa linha de tempestades sacudiu a Amazonia no Brasil. Essa tempestades, dizem os pesquisadores, pode ter derrubado centenas de milhões de árvores. Observando as árvores derrubadas os cientistas descobriram que essa tempestade não foi a única.
As árvores normalmente possuem um tempo de vida longo, mas em um dado pedaço da floresta, elas morreram ao mesmo tempo, seja pela seca, ataque de insetos, doenças, idade avançada e vento. Os cientistas chamam a casualidade de tempestades de Blow Downs, diz o ecologista de florestas Jeffrey Chambers. Chambers, juntamente com o cientista atmosférico Robinson Negrón-Juárez, ambos da Universidade de Tulane em Nova Orleans, Louisiana, e alguns colegas começaram a estudar os efeitos da tempestade na Amazonia em 2005 ao redor da cidade de Manaus, Brazil, quando então o Katrina atingiu violentamente a sua cidade. Após quase um ano de hiato, tempo durante o qual eles estudaram o efeito do vento das tempestades nas florestas da costa do Golfo, eles retornaram a sua pesquisa com colegas brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisa Amazônica em Manaus.
Usando imagens de satélites cobrindo aproximadamente 34000 quilômetros quadrados da região a partir de 2004 e comparando-as com as imagens pós-tempestade, os pesquisadores descobriram que o vento teria cortado grande quantidade de árvores soprando na direção nordeste ao longo da bacia da Amazonia. No total, a tempestade afetou aproximadamente 70% da bacia. Após analisarem as imagens de satélite a equipe escolheu 30 pontos aleatórios em cinco locais ao redor de Manaus como local para estudo de campo. As árvores em alguns dos lugares tinham sido devastadas pela tempestade enquanto outras estavam intactas. Por mais de 4 anos, diz Chambers, ele e seus colegas derivaram uma metodologia de contagem de árvore nos pontos que foram destruídos pelo vento.
A equipe relatou em um artigo aceito para publicação na revista Geophysical Research Letters, que a tempestade devastou algo em torno de 500 milhões de árvores. Se isso estiver mesmo certo, representa em torno de 30% do desflorestamento total na região da Amazonia em 2005. Algumas pesquisas têm sugerido que a seca foi a principal causa natural para as mortes das árvores na bacia da Amazonia em 2005, diz Chambers. Mas a maior parte da área de Manaus não foi afetada pela seca nesse ano, diz ele, adicionando que as descobertas mostram claramente que a tempestade teve grande parcela de culpa.
“Essa imensas tempestades estão fornecendo pistas importantes para entender como a Amazonia funciona, em termos de armazenamento de carbono, biodiversidade e outros fatores”, disse o ecologista global Gregory Asner da Instituição Carnegie para a Ciência em Stanford, Califórnia. Se as tempestades se tornarem mais intensas ou freqüentes, possivelmente devido as mudanças climáticas, adiciona Asner, “Nós podemos esperar grandes mudanças para a estrutura e composição de ecosistemas que se colocarem no seu caminho”.
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