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14 de novembro de 2024

A Região da Constelação do Cruzeiro do Sul – by Meire Ruiz

meire_crux

observatory_150105Todos os dias observamos centenas, talvez milhares de imagens astronômicas na internet, algumas com detalhes surpreendentes feitas com os grandes telescópios e outras mais lúdicas, onde talvez nenhum objeto em especial queira ser registrado, mas o que vale mais é o momento.

A foto acima que mostra a região da constelação do Cruzeiro do Sul, pode ser uma mistura dessas duas intenções. A imagem foi feita pela grande fotógrafa e astrofotógrafa em Itanhaém, no litoral do estado de São Paulo. Para fazer essa imagem a Meire usou uma câmera relativamente simples, uma Canon SX 40 HS sem zoom com uma lente fixa de 35 mm. A imagem foi adquirida com ISO 2500 com 10 segundos de exposição e em f/2.7. A imagem acima é o resultado de um único shot, ou seja, não ocorreu nenhum tipo de empilhamento de múltiplas imagens para conseguir o resultado.

Quando eu vi a foto achei ela sensacional. Um único tiro, uma câmera nem tão poderosa assim e um resultado espetacular, é de empolgar qualquer um a tentar começar nesse ramo complicado, delicado e que requer um certo dom da astrofotografia. Mas o que é possível ver na imagem acima? Para facilitar eu criei uma versão anotada da imagem que pode ser vista abaixo.

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Além logicamente do Cruzeiro do Sul que aparece de forma especial nessa imagem, o que logo chama a atenção de qualquer um de nós é a mancha vermelha no lado direito da cruz. Bem essa mancha vermelha nada mais é que a Nebulosa Lambda Centauri, também conhecida como IC 2948.

Para podermos fazer uma comparação procurei uma imagem que registrasse aproximadamente a mesma região do céu fotografada pela Meire. E o resultado dessa busca, foi a imagem abaixo.

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Essa imagem foi feita por M. Lorenzi e G. Favreto, desde HAKOS, na Namíbia em 2003. A diferença principal é que para fazer a imagem abaixo foi necessário um telescópio, a imagem foi feita com um filme e não de maneira digital e foram necessárias duas exposições de 90 minutos cada uma. Logicamente, a imagem abaixo é muito mais detalhada, onde é possível separar cada um dos principais objetos ali observados, mas numa comparação, a imagem da Meire não deixa nada a desejar. As imagens seguinte mostram em detalhe, as estrelas alfa e beta Centauri, o Cruzeiro do sul e a Nebulosa Lambda Centauri.

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SouthernCross

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Sem dúvida alguma, nós aqui do hemisfério sul somos privilegiados por termos essa parte central da Via Láctea, com tantas feições interessantes cruzando nossos céus toda a noite. E uma imagem dessa da Meire Ruiz, só faz incentivar a todos, pegarem suas máquinas irem para o quintal de suas casas e tentar fazer imagens belas como essa. Obrigado Meire, mais uma vez pela bela imagem.

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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