Todos os dias observamos centenas, talvez milhares de imagens astronômicas na internet, algumas com detalhes surpreendentes feitas com os grandes telescópios e outras mais lúdicas, onde talvez nenhum objeto em especial queira ser registrado, mas o que vale mais é o momento.
A foto acima que mostra a região da constelação do Cruzeiro do Sul, pode ser uma mistura dessas duas intenções. A imagem foi feita pela grande fotógrafa e astrofotógrafa em Itanhaém, no litoral do estado de São Paulo. Para fazer essa imagem a Meire usou uma câmera relativamente simples, uma Canon SX 40 HS sem zoom com uma lente fixa de 35 mm. A imagem foi adquirida com ISO 2500 com 10 segundos de exposição e em f/2.7. A imagem acima é o resultado de um único shot, ou seja, não ocorreu nenhum tipo de empilhamento de múltiplas imagens para conseguir o resultado.
Quando eu vi a foto achei ela sensacional. Um único tiro, uma câmera nem tão poderosa assim e um resultado espetacular, é de empolgar qualquer um a tentar começar nesse ramo complicado, delicado e que requer um certo dom da astrofotografia. Mas o que é possível ver na imagem acima? Para facilitar eu criei uma versão anotada da imagem que pode ser vista abaixo.
Além logicamente do Cruzeiro do Sul que aparece de forma especial nessa imagem, o que logo chama a atenção de qualquer um de nós é a mancha vermelha no lado direito da cruz. Bem essa mancha vermelha nada mais é que a Nebulosa Lambda Centauri, também conhecida como IC 2948.
Para podermos fazer uma comparação procurei uma imagem que registrasse aproximadamente a mesma região do céu fotografada pela Meire. E o resultado dessa busca, foi a imagem abaixo.
Essa imagem foi feita por M. Lorenzi e G. Favreto, desde HAKOS, na Namíbia em 2003. A diferença principal é que para fazer a imagem abaixo foi necessário um telescópio, a imagem foi feita com um filme e não de maneira digital e foram necessárias duas exposições de 90 minutos cada uma. Logicamente, a imagem abaixo é muito mais detalhada, onde é possível separar cada um dos principais objetos ali observados, mas numa comparação, a imagem da Meire não deixa nada a desejar. As imagens seguinte mostram em detalhe, as estrelas alfa e beta Centauri, o Cruzeiro do sul e a Nebulosa Lambda Centauri.
Sem dúvida alguma, nós aqui do hemisfério sul somos privilegiados por termos essa parte central da Via Láctea, com tantas feições interessantes cruzando nossos céus toda a noite. E uma imagem dessa da Meire Ruiz, só faz incentivar a todos, pegarem suas máquinas irem para o quintal de suas casas e tentar fazer imagens belas como essa. Obrigado Meire, mais uma vez pela bela imagem.