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A Receita de Como O Hubble Faz Belas Imagens Coloridas de Galáxias Distantes

Esse redemoinho estelar é na verdade uma galáxia espiral conhecida como NGC7329, e a imagem apresentada acima foi feita pela Wide Field Camera 3, ou WFC3 do Hubble. Criar uma imagem colorida como essa usando um telescópio como o Hubble não é algo tão direto como simplesmente apontar a câmera e clicar. Câmeras comerciais normalmente tentam coletar a maior parte da luz nos comprimentos de onda do visível, para assim criar a imagem mais vibrante possível. Em contraste, as imagens brutas coletadas pelo Hubble são sempre monocromáticas, pois os astrônomos normalmente querem capturar intervalos específicos de comprimentos de onda da luz, para fazer com que a imagem seja a mais precisa possível do ponto de vista científico.

Para controlar quais comprimentos de onda da luz serão coletados, as câmeras do Hubble são equipadas com uma grande variedade de filtros, que permitem que somente certos comprimentos de onda da luz atinjam o CCD das câmeras, o CCD é o sensor que coleta a luz que posteriormente será transformada na imagem final que podemos observar. As câmeras dos aparelhos celulares atualmente usam esse mesmo sensor.

Mas como as imagens coloridas do Hubble são possíveis dado que as imagens brutas são monocromáticas? Isso é conseguido graças a múltiplas observações diferentes que são feitas do mesmo objeto, que são realizadas utilizando diferentes filtros. Essa imagem, por exemplo, foi processada a partir de observações feitas pelo Hubble usando 4 diferentes filtros que registram diferentes regiões do espectro da luz, desde o ultravioleta até o óptico e infravermelho. Especialistas em processamento de imagens e artistas podem fazer um julgamento sobre quais as cores colocar para determinado filtro. Eles podem então colorir as imagens usando da maneira correta os filtros aplicados. Finalmente as imagens feitas com diferentes filtros são empilhadas, ou somadas. Assim, depois de todo esse trabalho temos no final uma bela imagem colorida de uma galáxia distante, com as cores sendo as mais representativas possíveis da realidade.

Crédito:

ESA/Hubble & NASA, A. Riess et al.

Fonte:

https://esahubble.org/images/potw2149a/

 

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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