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A Névoa de Hidrogênio No Meio Interestelar Local Parece Ser Mais Densa Do Que Se Pensava Anteriormente

O chamado meio local interestelar, é 40% mais denso do que se pensava anteriormente, de acordo com novas leituras que foram feitas de uma região mais próxima da borda do Sistema Solar pela sonda New Horizons da NASA.

O Sistema Solar é envolto por uma bolha magnética chamada de heliosfera, que emana do Sol através do vento solar. Além da heliopausa, que é a borda da heliosfera, está o se chama de Meio Local Interestelar, ou ISM, que é como se fosse uma névoa composta na sua maior parte por átomos de hidrogênio. Embora a heliosfera seja capaz de defletir magneticamente as partículas carregadas e os átomos vindos do ISM, átomos eletricamente neutros podem passar através dela de maneira ilesa. Uma vez dentro da heliosfera, esses átomos são então ionizados pela luz ultravioleta do Sol ou por partículas carregadas presentes no vento solar, e então tornam-se íons que podem assim ser detectados pelo instrumento SWAP (Solar Wind Around Pluto) da sonda New Horizons.

Talvez a palavra névoa, seja bem generosa. O que se mede na verdade é algo muito tênue. A New Horizons mediu íons de hidrogênio na parte conhecida como termination shock, que é a distância do Sol até onde o vento solar diminui drasticamente de velocidade, que é perto da heliopausa, com uma densidade de 0.127 partículas por centímetro cúbico, ou 127000 átomos de hidrogênio por metro cúbico. A sonda Voyager 2 fez medidas similares em 2001, mas medidas subsequentes feitas pela sonda Ulysses da NASA mostrou uma densidade bem menor.

Contudo a Ulysses estava muito mais perto do Sol, dentro da órbita de Júpiter, onde bem menos íons estão presentes em comparação com o local onde a New Horizons está atualmente que atravessando o Cinturão de Kuiper.

Essa região do Sistema Solar ainda é um grande mistério para os astrônomos e eles continuarão estudando com as sondas que possuem para entender bem, como o nosso sistema é formado, envelopado e também quais são os seus limites.

Essa densidade maior do ISM poderia explicar também o chamado IBEX Ribbon, uma faixa com 1.5 bilhão de quilômetros de partículas energéticas que vem borda da heliosfera, já que tentativas anteriores de modelar essa faixa em simulações da heliosfera tinham evocado uma densidade menor.

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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