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A Movimentada Região da Cratera Daguerre na Lua

Em 1839, Louis Daguerre fez a primeira foto da Lua. Como se pode imaginar não era uma foto muito boa, não mostrava feições, mas foi importante mesmo assim pois inaugurou os estudos através de imagens que culminaram nessa bela imagem da cratera Daguerre da Lua, nomeada em homenagem a esse importante nome do estudo do nosso satélite natural. A cratera Daguerre tem 46 km de diâmetro e é um espelho da Fracastoris localizada no lado oposto do Mare Nectaris. Ambas se formaram no assoalho de uma bacia de impacto  e foram inundadas quando lavas posteriores tomaram seus interiores. Alguns vulcanistas, aqueles que buscam por evidência de que as crateras lunares foram formadas por vulcões ao invés de impactos, acreditam que o anel da Daguerre seja duplo em alguns lugares, para eles, um sinal claro da erupção ocorrida ao longo de falhas curvas e paralelas. Da mesma forma, a escuridão visível aqui ao longo da porção norte do anel é formada por depósitos piroclásticos (cinza vulcânica). Assim a interpretação dada pelos vulcanistas era que o duplo anel e os piroclastos significam que toda a cratera tenha sido formada por um episódio vulcânico. Essa imagem de alta resolução dispensa a noção de um anel duplo. O anel extra no lado esquerdo é na verdade o anel de uma cratera parecida com a Daguerre localizada imediatamente a oeste. E as poucas cadeias dentro do anel principal são provavelmente terraços normais de uma cratera de impacto interior à parede. Mas os piroclastos são evidências de uma real erupção vulcânica, provavelmente de pequenas aberturas localizadas ao longo da porção norte do anel da Daguerre. Mas vale ressaltar aqui que erupções vulcânicas no anel de uma cratera não significa que essa cratera tem origem vulcânica. Três outras coisas podem ser observadas aqui. Primeiro, a área à direita da Daguerre pode ser uma cratera mais velha coberta por lava, mas o seu lado sul tem superfícies com formas peculiares triangulares e em forma de losangos, parecendo com partes colapsadas de fluxos de lava. Essa região parece mais com a superfície de Marte do que com a paisagem lunar. Segundo, a área é salpicada com pequenas cavidades que são na verdade crateras secundárias da Theophilus. Em terceiro lugar, um raio peculiar, aparentemente da Madler, cruza o anel oeste da Daguerre. Concluindo, essa com certeza foi uma vizinhança bastante movimentada.

Fonte:

https://lpod.wikispaces.com/May+29%2C+2012

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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