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A Continuação Sobre a Interpretação do Sharp Rille

Num post de ontem foi publicada uma imagem oblíqua da parte terminal norte do Sharp Rille na Lua. No post de hoje, vamos olhar essa feição da Lua, diretamente de cima para aprendermos mais. As imagens aqui publicadas são da ferramenta Quick Map da sonda LRO, com imagens em grande detalhe obtidas pela Câmera de Ângulo Restrito sobrepostas às imagens normais obtidas com a Câmera de Grande Angular da sonda. A grande cratera acima tem aproximadamente 3 km de largura. Na região intermediária do ponto número 4 da imagem de ontem o canal era difícil de ser visto e aparentemente cruzava uma cadeia de mar. Com essa imagem NAC a cadeia principal cruza a imagem de leste para oeste onde está o B, e uma outra área em A. O Sharp Rille chega até a montanha, se curva e no ponto A escala a cadeia de 15 a 20 metros de altura. Pode-se pensar que o canal pequeno e mais sinuoso que parte do ponto A pode ter sido uma passagem mais baixa por onde a lava fluiu, e que pode ter sido o que aconteceu pois a altura do canal principal e do menor é praticamente a mesma. Ambos os canais continuam a fluir em direção ao sul passando sobre e por outra cadeia que tem entre 15 e 20 metros de altura. Finalmente no ponto C, o menor canal se junta ao mais largo. A lava é um líquido e flui sempre seguindo a gravidade, colina a baixo. Mas os canais de lava diferem de fluxos de água pois a água flui através de uma paisagem pré-existente e os canais carregam as lavas que se espalham lateralmente a partir deles para criar a paisagem. Desse modo, essas lavas originalmente fluíram na elevação mais baixa e por um determinado tempo para gerar essa espessura.

A figura acima mostra a área número 2 na imagem publicada ontem. Esse é um canal anterior ao Sharp Rille que fluiu por volta de 500 a 600 metros de altura de uma colina e no ponto D se divide em duas. Provavelmente o canal que flui do ponto D em direção ao ponto E era o mais antigo que foi depois abandonado e então a lava fluiu para a direita criando esse canal, que em breve se tornou um vale com apenas 15 metros de profundidade. O canal que parte de D para E e para G se quebrou, com um canal menor quebrando-se para a esquerda no ponto E e se juntando ao canal principal em G. E como as bonecas russas, o canal menor de E para G tem uma quebra em F com um canal menor seguindo seu caminho por aproximadamente 4 km antes de se juntar com o canal principal um pouco maior. Os padrões complexos dos fluxos vulcânicos nessas imagens nos lembram a conclusão que o vulcanólogo Don Swanson fez sobre a erupção Mauna Ulu no Havaí que ele monitorou por aproximadamente 4 a 5 dias nos anos de 1970. Don disse que se um futuro geólogo encontra-se os múltiplos fluxos sobrepostos no registro geológico, seria quase que impossível dizer exatamente como eles se formaram.

Fonte:

http://lpod.wikispaces.com/July+8%2C+2012

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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