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23 de dezembro de 2024

A Dificuldade Em Se Classificar Canais na Lua

A IAU, aprovou o Systems of Lunar Craters (SLC) em 1967, incluindo não só nomes de crateras de letras mas também designação para outros tipos de feições incluindo canais e elevações como montanhas, colinas e domos. Mas nenhum catálogo moderno de canais e elevações existe, e a nomenclatura oficial da IAU imortalizada no site IAU Gazetter of Planetary (http://planetarynames.wr.usgs.gov/Page/MOON/target), não as inclui. Mas agora, o grupo de nomenclatura lunar da IAU está investigando a possibilidade de rever a nomenclatura para as feições não contempladas, começando com os canais. Parte da razão para essa reconsideração é precisão com a sonda Lunar Reconnaissance Orbiter através da sua Wide Angle Camera gera mosaicos que funcionam como mapas de alta resolução, resolvendo o que era antes considerado incerteza.

Como um teste da aplicabilidade de se restaurar as designações para os canais vamos olhar aqueles denominados para a região de Platão. O SLC tem dois, a área mostrada acima inclui um, o Rima Plato II – canais eram designados com numerais em algarismos romanos. A imagem inferior é uma parte retirada da folha LAC 12 do mapa da IAU 1:1 Million Nomenclature Maps of the Moon, que mostra o nome Rima Plato sendo indicado para dois canais. Na imagem SLC ambos os canais eram chamados de Plato II. O mosaico obtido pela WAC da sonda LRO sugere que eles podem ser apenas um canal, pois a área onde eles se encontram está escondida pela sombra (no canto superior direito entre o 2 e o 3). Mas a imagem LAC 12 (compilada a partir de imagens da sonda Lunar Orbiter IV) mostra que de fato esses dois segmentos de canais não se encontram – eles são dois canais separados. Nessa imagem eles foram marcados com um 3 no final de cada um – a parte terminal na parte inferior direita tem uma depressão sem anel alongada que é a fonte desse canal. O outro canal tem um 2 em cada parte terminal mas não está claro qual é a sua fonte. Mais uma vez, uma longa sombra no mosaico da LRO cobre a sua parte final. Uma coisa que claramente é vista no mosaico da LRO é um canal muito fino que parece ser uma continuação do canal 2 dentro do Mare Imbrium. Pelo fato desse canal parecer ser uma extensão do canal 2, mas com diferente característica morfológica uma proposta é chamá-lo de 2a. Um canal bem similar, estreito é marcado com o nome 2b, pois ele é próximo ao 2a, mas não tem a sua própria fonte. Finalmente uma feição linear que lembra um arranhão na parte central esquerda da imagem WAC da sonda LRO é peculiar, e parece muito mais com um canal do que outras classes de feições lunares, como não parece ser uma cadeia de crateras, pode-se chamá-la Plato 4. Existe um canal bem definido a oeste de Platão – número 5 – e outro possível que deve ser melhor estudado antes de ser julgado.

Esse pequeno exercício demonstra que mais de uma imagem é necessária para identificar esses canais. Também mostra que um tempo considerável precisa ser gasto para pesquisar pelos canais na SLC, ter certeza que são reais, se são simples, ou múltiplos, e também procurar por feições anteriormente não classificadas. Pode-se notar que não existe uma classificação para o pequeno canal acima da Plato J. Ele parece ser muito pequeno para ter seu próprio número. Mas pode-se propôs a classificação 2b para uma feição até mesmo menor, pois ela tem uma fonte em depressão e pode ser discutida em algum futuro artigo sobre as fontes das lavas de mares. Uma lição final é que não é fácil decidir qual a melhor designação para os canais. Os números na imagem acima não são oficiais, eles são apenas uma exploração e precisam de muita discussão para se decidir o que realmente se deve fazer. E lógico, canais eram tradicionalmente denominados com numerais em algarismos romanos, e números Arábicos tem sido usados para domos, e letras gregas para elevações, então esses canais não poderiam ser classificados como 1,2,3,4 mas sim I,II,III,IV.

Fonte:

http://lpod.wikispaces.com/March+7%2C+2011

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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