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19 de setembro de 2024

Astrônomos Fazem Imagens Inéditas da Superfície da Estrela Polaris

Recentemente, cientistas alcançaram um marco significativo na astronomia ao coletar imagens de alta resolução da superfície da Estrela do Norte, também conhecida como Polaris. Esta conquista, facilitada pelo CHARA Array no Monte Wilson, Califórnia, oferece uma nova perspectiva sobre uma estrela que tem guiado navegadores e astrônomos ao longo dos séculos. Polaris, a estrela que atualmente ocupa a posição de Estrela do Norte devido à precessão axial da Terra, tem sido um ponto de referência crucial tanto na navegação quanto na astronomia. Sua constância no céu noturno a tornou um símbolo de orientação e estabilidade.

A importância histórica de Polaris não pode ser subestimada. Desde tempos imemoriais, marinheiros e exploradores confiaram na Estrela do Norte para navegar pelos oceanos. Sua posição fixa no céu permitiu que viajantes determinassem a direção norte com precisão, mesmo em noites sem lua. Além disso, artistas de diferentes épocas retrataram Polaris em suas obras, destacando sua importância cultural e científica. No campo da astronomia, Polaris tem sido um objeto de estudo contínuo, com cientistas apontando seus instrumentos para esta estrela brilhante por décadas.

A recente obtenção de imagens de alta resolução de Polaris foi possível graças ao CHARA Array, um conjunto de seis telescópios localizados no Monte Wilson. Este arranjo de telescópios funciona de maneira coordenada, coletando luz cósmica e combinando os dados em uma instalação central para produzir uma imagem clara e detalhada da fonte observada. É como se os seis telescópios formassem um único telescópio gigante com um diâmetro de 330 metros. Esta capacidade de resolução angular excepcional permitiu que os cientistas obtivessem detalhes sem precedentes da superfície de Polaris.

O CHARA Array, com sua tecnologia avançada, representa um salto significativo na capacidade de observação astronômica. As imagens de alta resolução obtidas entre 2016 e 2021 revelaram características anteriormente desconhecidas de Polaris, incluindo manchas brilhantes e escuras em sua superfície, semelhantes às manchas solares observadas em nosso próprio Sol. Estas descobertas não apenas ampliam nosso conhecimento sobre Polaris, mas também abrem novas possibilidades para o estudo de estrelas variáveis Cepheid, das quais Polaris é um exemplo notável.

Em resumo, a coleta de imagens de alta resolução da superfície de Polaris marca um avanço significativo na astronomia moderna. Este feito não só enriquece nossa compreensão de uma estrela historicamente importante, mas também demonstra o poder das tecnologias de observação contemporâneas. À medida que continuamos a explorar o cosmos, descobertas como esta nos aproximam cada vez mais de desvendar os mistérios do universo.

Polaris, conhecida popularmente como a Estrela do Norte, é uma figura central tanto na navegação histórica quanto na astronomia moderna. Classificada como uma estrela variável do tipo Cepheid, Polaris exibe um comportamento de brilho periódico, tornando-se um objeto de estudo fascinante para os cientistas. Cepheids, em geral, são estrelas cuja luminosidade varia de maneira previsível, o que as torna ferramentas valiosas para medir distâncias cósmicas. Polaris, em particular, segue um ciclo de quatro dias em que seu brilho aumenta e diminui, um fenômeno que tem sido aproveitado para calibrar a escala de distâncias no universo.

Recentemente, uma equipe de astrônomos utilizando o CHARA Array, um conjunto de seis telescópios localizados no Monte Wilson, Califórnia, obteve imagens de alta resolução da superfície de Polaris. Este avanço tecnológico permitiu a descoberta de características até então desconhecidas da estrela. Entre as descobertas mais notáveis estão as manchas na superfície de Polaris, semelhantes às manchas solares que observamos em nosso próprio Sol. Estas manchas, que variam em tamanho e brilho, foram detectadas pela primeira vez graças à capacidade de resolução angular do CHARA Array, que funciona como um telescópio virtual com um diâmetro de 330 metros.

Além das manchas, a análise das imagens revelou que Polaris pode ser significativamente mais massiva do que se pensava anteriormente. Estimativas sugerem que a estrela pode ter cerca de cinco vezes a massa do Sol, uma descoberta que desafia as previsões baseadas em modelos evolutivos de estrelas Cepheid. Esta nova massa implica que Polaris é também mais luminosa do que os modelos previam, levantando questões sobre a precisão dos modelos atuais de evolução estelar.

A importância dessas descobertas não pode ser subestimada. As manchas na superfície de Polaris oferecem uma nova janela para entender os mecanismos internos das estrelas Cepheid. A variação de brilho dessas manchas pode influenciar as medições de distância que dependem da luminosidade previsível das Cepheids. Além disso, a revisão da massa de Polaris pode levar a uma reavaliação das propriedades de outras estrelas Cepheid, potencialmente ajustando a escala de distâncias cósmicas que é fundamental para a cosmologia.

A observação detalhada da superfície de Polaris e a descoberta de suas características inéditas foram possíveis graças à utilização de métodos avançados e instrumentos de alta precisão. O principal protagonista dessa investigação foi o CHARA Array, um conjunto de seis telescópios localizados no Monte Wilson, na Califórnia. Esses telescópios, operando em uníssono, coletam luz cósmica que é posteriormente combinada em uma instalação central, criando uma imagem de alta resolução. Essa técnica, conhecida como interferometria, permite que os telescópios funcionem como se fossem um único instrumento com um diâmetro efetivo de 330 metros, proporcionando uma resolução angular excepcional.

Entre 2016 e 2021, o CHARA Array foi utilizado para capturar imagens de Polaris, revelando detalhes nunca antes vistos. A capacidade de observar manchas na superfície de uma estrela variável Cepheid, como Polaris, é um marco significativo na astrofísica. Essas manchas, semelhantes às manchas solares, indicam variações na temperatura e na atividade magnética da estrela. A descoberta de tais características em Polaris foi surpreendente, dado que as estrelas Cepheid são conhecidas por seu comportamento previsível de brilho e escurecimento periódico.

No entanto, a observação de Polaris não foi isenta de desafios. A estrela faz parte de um sistema estelar triplo, o que complica a análise. Em particular, um dos companheiros estelares de Polaris orbita muito próximo, completando uma órbita a cada 30 anos. Esse companheiro é extremamente tênue, o que torna sua detecção e estudo uma tarefa árdua. Para superar essas dificuldades, a equipe de pesquisa recorreu a outras ferramentas astronômicas, como o interferômetro de speckle no Observatório Apache Point, no Novo México. Essa técnica adicional ajudou a confirmar a existência do companheiro estelar e a mapear sua órbita com maior precisão.

Os resultados da missão foram notáveis. Além de confirmar a presença do companheiro estelar, os dados sugerem que Polaris é cerca de cinco vezes mais massiva que o Sol, uma massa maior do que se pensava anteriormente. Essa descoberta tem implicações significativas para a compreensão das estrelas Cepheid e seus papéis como “velas padrão” na medição de distâncias cósmicas. A precisão dessas medições é crucial para a determinação da escala do universo e para a compreensão da expansão cósmica.

As recentes descobertas sobre Polaris, obtidas através das imagens de alta resolução capturadas pelo CHARA Array, abrem uma série de novas questões e oportunidades para a pesquisa astrofísica. A identificação de manchas na superfície de Polaris, semelhantes às manchas solares, sugere que há processos dinâmicos complexos ocorrendo na estrela, cuja compreensão pode fornecer insights valiosos sobre a física estelar e a evolução das estrelas variáveis Cepheid.

Essas manchas, juntamente com a variação de velocidade radial observada, indicam que Polaris pode estar passando por ciclos de atividade magnética que ainda não foram completamente compreendidos. A variação de 120 dias na velocidade radial, por exemplo, é um fenômeno que requer investigação adicional para determinar suas causas e implicações. Isso pode envolver a análise de interações magnéticas entre Polaris e seus companheiros estelares ou processos internos da própria estrela que ainda não foram identificados.

A confirmação de que Polaris é significativamente mais massiva do que se pensava anteriormente também tem implicações importantes. A massa revisada de Polaris, sendo cerca de cinco vezes a do Sol, sugere que a estrela é mais luminosa do que os modelos evolutivos previam para uma Cepheid dessa massa. Isso pode levar a uma reavaliação dos modelos teóricos de evolução estelar e das relações de luminosidade-período usadas para medir distâncias cósmicas. Como as Cepheids são ferramentas cruciais para a determinação de distâncias no universo, qualquer ajuste nos modelos teóricos pode impactar a precisão das medições cosmológicas.

Os planos futuros de pesquisa incluem a continuação das observações de Polaris para monitorar as mudanças em suas manchas e variações de velocidade radial. Com o avanço das tecnologias de observação e a utilização de instrumentos ainda mais precisos, os cientistas esperam desvendar os mecanismos que geram essas manchas e compreender melhor a dinâmica interna de Polaris. Além disso, a observação contínua do sistema estelar triplo de Polaris pode fornecer dados adicionais sobre as interações gravitacionais e magnéticas entre as estrelas do sistema.

Em conclusão, as imagens de alta resolução de Polaris obtidas pelo CHARA Array representam um marco significativo na astronomia moderna. As descobertas resultantes não apenas enriquecem nosso conhecimento sobre uma das estrelas mais icônicas do céu noturno, mas também desafiam e aprimoram os modelos teóricos que usamos para entender o universo. À medida que continuamos a explorar os mistérios de Polaris, cada nova descoberta nos aproxima mais da compreensão completa dos processos que governam as estrelas e, por extensão, o cosmos como um todo.

Fonte:

https://www.space.com/north-star-polaris-surface-images

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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