Numa primeira vista, essa bela cena espiando através de nuvens finas em direção a um campo de dunas, lembra muito uma imagem de satélite feita sobre um deserto na Terra, mas de fato, essa bela imagem, foi feita em Marte.
Esse espetacular campo de dunas fica localizado no centro da Cratera Lomonosov, no hemisfério norte do planetas, nas coordenadas 65 graus norte, 351 graus leste. A imagem acima foi feita com a câmera CaSSIS que viaja na órbita de Marte a bordo da sonda Trace Gas Orbiter ExoMars, ou TGO, como é conhecida, das agências espaciais ESA e ROSCOMOS, no dia 2 de dezembro de 2020. A imagem foi feita como parte da campanha para rastrear a evolução do campo de duna com o passar do ano.
No momento em que a imagem foi feita, o inverno no hemisfério norte estava acabando em Marte e o gelo que cobria boa parte dessa área já tinha começado a sublimar. As manchas mais escuras indicam áreas onde o gelo já sublimou deixando para trás o terreno escuro de areia basáltica visível. As cristas das dunas indicam a direção média do vento que as formou, no caso, o vendo predominantemente vinda d parte inferior esquerda da imagem em direção à parte superior direita da imagem. Para a direita da imagem, sedimentos ricos em basalto e sem gelo, ou seja, mais escuros são visíveis. Também na parte direita da imagem é que é possível ver nuvens brancas brilhantes que aparecem com um belo contraste com relação ao terreno escuro.
A imagem foi lançada na ocasião da comemoração de cinco anos de lançamento da missão.
A sonda TGO foi lançada desde o Cosmódromo de Baikonur no Cazaquistão no dia 14 de março de 2016, chegando em Marte, sete meses depois. Ela levou alguns meses para fazer a manobra conhecida como aerobraking, ou seja, usar a parte superior da atmosfera do planeta para criar um arrasto e reduzir a sua velocidade, tornando-se assim a primeira sonda da ESA a entrar numa órbita científica ao redor de Marte, dessa maneira.
A missão começou suas operações científicas em abril de 2018, com o seu conjunto de quatro instrumentos. Os espectrômetros NOMAD e ACS da TGO foram desenhados para fornecer o melhor inventário possível dos gases atmosféricos do planeta, e já detectaram um novo gás, o cloreto de hidrogênio, pela primeira vez, além de estudar o processo de escape de água na atmosfera de Marte em grande detalhe. A TGO está também analisando a presença de metano no planeta e tem revelado uma surpreendente falta desse gás misterioso.
O instrumento FREND mapeia a distribuição de hidrogênio na parte mais superior da superfície do planeta, criando um mapa detalhado de possíveis regiões ricas em água, o que é relevante para a futura exploração do planeta Marte.
A câmera CaSSIS já registrou mais de 20 mil imagens, documentando a superfície e complementando os dados retornados pelos outros instrumentos para ajudar a caracterizar as feições que podem estar relacionadas com as fontes de gases traços.
A TGO também é usada para relay de dados para os landers e rovers da NASA. O Opportunity até os últimos dias de sua vida usava a TGO, o lander InSight, e os atuais rovers Curiosity e Perseverance utilizam a TGO. Ela também será usada como link de comunicação para a futura parte da missão ExoMars, o rover Rosalind Franklin e a plataforma de pouso Kazachok que devem chegar em Marte em 2023.
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