Um grupo internacional de astrônomos anunciou a primeira medida da velocidade do vento atmosférico registrado fora do sistema solar usando uma nova técnica para isso.
Os pesquisadores focaram seus esforços no objeto conhecido como 2MASS J1047+21, uma anã marrom fria, localizada a 33.2 anos-luz de distância da Terra, e que é varrida por ventos com velocidade de 650 m/s. Pela primeira vez, os astrônomos conseguiram medir a velocidade dos ventos de uma anã marrom. Com os resultados obtidos, eles puderam eliminar alguns modelos pouco comuns e provar que essa nova técnica funciona bem e pode ser aplicada em mais objetos.
Antes desse estudo, os cientistas só tinham medido cientificamente a velocidade do vento em objetos dentro do Sistema Solar, fazendo com que para objetos fora do Sistema Solar, eles tivessem somente uma ideia de como eram esses ventos. Como existem ventos em objetos no nosso sistema, os astrônomos imaginavam que também deveriam haver ventos em outros objetos fora, mas nunca tinham conseguido medir. Essa nova técnica abre uma maneira de se entender melhor o comportamento das atmosferas que são totalmente diferentes daquelas encontradas aqui no Sistema Solar.
Usando uma combinação de emissões de ondas de rádio e de infravermelho, a nova técnica pode ser aplicada a um grande número de objetos como anãs marrons e exoplanetas, para se poder medir os movimentos de nuvens em suas atmosferas. Embora as anãs marrons sejam completamente cobertas por nuvens, elas estão muito distantes para que essas nuvens sejam detectadas individualmente como acontece nos planetas dentro do Sistema Solar, é possível medir o tempo que leva para que um grupo de nuvens deem uma volta ao redor de toda a atmosfera do planeta, à medida que as nuvens aparecem e desaparecem na parte visível do objeto, isso muda o brilho do objeto, os astrônomos conseguem registrar essa variação e isso ajuda na determinação da velocidade dos ventos.
Mas o movimento das nuvens sozinho, contudo, não pode produzir uma medida precisa da velocidade do vento atmosférico em uma anã marrom, os pesquisadores também precisam observar as emissões em ondas de rádio para poder medir a rotação da anã marrom. Em algumas anãs marrons é possível medir a sua rotação através da detecção das ondas de rádio. Os astrônomos observam um pulso de ondas de rádio toda vez que a anã marrom completa uma rotação. Isso porque as ondas de rádio veem das partículas de alta energia aprisionadas em seu campo magnético, e o seu campo magnético tem sua raiz no interior do objeto, igual o que acontece na Terra, ou seja, essa rotação, e o consequente pulso em onda de rádio não é afetado pelo vento. Então os astrônomos calculam a diferença entre o tempo que as nuvens levam para circular o planetas e o tempo do pulso de onda de rádio, e assim conseguem determinar a velocidade do vento na anã marrom.
O estudo acabou eliminando alguns modelos teóricos sobre como a atmosfera de uma anã marrom funciona, e os astrônomos acreditam que essas medidas podem auxiliar a guiar os trabalhos e estudos sobre a atmosfera de exoplanetas.
Fonte:
https://www.cfa.harvard.edu/news/2020-08