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Planetas Gigantes Orbitando Estrelas Parecidas Com o Sol Podem Ser Raros No Universo

O instrumento conhecido como Gemini Planet Imager que fica acoplado ao telescópio Gemini Sul no Chile está realizando uma pesquisa de 4 anos de 531 estrelas próximas relativamente jovens na busca por exoplanetas gigantes. As análises ainda estão acontecendo, mas com metade dos dados já coletado, representando 300 estrelas, o indicativo é que planetas gigantes ao redor de estrelas parecidas com o Sol é algo bem raro.

Se confirmada, as descobertas que serão publicadas no The Astrophysical Journal, teriam  implicações para o desenvolvimento da vida em planetas terrestres que por acaso orbitem essas estrelas.

“Nós suspeitamos que no nosso Sistema Solar, Júpiter e Saturno esculpiram a arquitetura final que influencia as propriedades dos planetas terrestres como Marte e a Terra, incluindo os elementos básicos para a vida, como a água, e as taxas de impactos”, disse Franck Marchis, um pesquisador sênior do Instituto SETI e co-autor do artigo.

“Um sistema planetário com somente planetas terrestres e nenhum planeta gigante provavelmente será bem diferente do nosso, e isso pode ter consequências na possibilidade da existência da vida em qualquer lugar da nossa galáxia”.

Mais de 4000 exoplanetas já foram descobertos até o momento, a grande maioria deles descobertos através da queda de luz da estrela, quando o planeta passa na sua frente, um método conhecido como trânsito, ou por meio de uma variação minúscula no movimento da estrela, causada pela gravidade do planeta, método esse conhecido como velocidade radial.

Ambas as técnicas favorecem a descoberta de planetas orbitando suas estrelas bem de perto. Mas o Gemini Planet Imager, ou GPI, foi desenvolvido para fazer imagem direta de planetas gigantes, bloqueando a luz da estrela e usando um sofisticado sistema de óptica adaptativa para compensar a turbulência atmosférica e assim imagear os planetas.

Observações anteriores indicam que os planetas gigantes são normalmente encontrados em estrelas com uma massa maior, e com base na estatística, os pesquisadores esperavam encontrar cerca de uma dezena desses planetas nas primeiras estrelas, mas eles só encontraram seis.

Das estrelas pesquisadas, 123 delas tinham mais de 1.5 vezes a massa do Sol. E todos os seis planetas detectados orbitavam essas estrelas com maior massa.

O GPI não é sensível a planetas do tamanho de Júpiter, ou menor, mas as novas observações, juntamente com a prevalência observada de planetas de grande massa na órbita de estrelas mais massivas que o Sol, indicam que o nosso sistema, com a presença de Júpiter e Saturno, pode não ser um sistema típico.

“Se essa descoberta realmente confirmar isso depois que finalizarmos a busca, e se mais projetos como esse acontecerem e também confirmarem essa estatística, isso terá um impacto no nosso entendimento sobre a existência da vida em planetas terrestres”, disse Marchis. “Esse na verdade é o objetivo final dessa pesquisa, ou seja, entender como sistemas planetários se formam e que tipo de vida pode existir por aí”.

Fonte:

https://astronomynow.com/2019/06/17/giant-planets-orbiting-sun-like-stars-may-be-rare/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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