Hoje, dia 4 de Julho de 2018, há 150 anos atrás, nascia Henrietta Swan Leavitt. Enquanto trabalhava no Harvard College Observatory em Cambridge, Mass, – agora parte do Harvard Smithsonian Center for Astrophysics (CfA) – no final do século 19 e início do século 20, Leavitt conduziu pesquisas que levaram a duas das mais importantes e supreendentes descobertas da história da astrofísica.
Leavitt realizou uma análise meticulosa da pulsação das estrelas chamadas de variáveis Cefeidas. Ela usou essas observações para desenvolver uma ferramenta nova, poderosa e durável para estimar as distâncias das estrelas e das galáxias, um avanço para o entendimento do tamanho e da evolução do universo que os astrônomos da época estavam se esforçando para realizar.
Após a morte de Leavitt, em 1921, Edwin Hubble usou a relação entre o período e a luminosidade das variáveis Cefeidas para determinar que o universo estava em expansão. Décadas mais tarde em 1990, os astrônomos se basearam no seu trabalho para descobrir que de fato a expansão era acelerada. Em 2011, o prêmio Nobel de física foi dado para essa descoberta.
Um dos laureados com o Nobel, Adam Riess, tinha usado e estendido a ferramenta de Leavitt enquanto era estudante fazendo pesquisas sobre cosmologia no CfA. Somente dois anos depois de se graduar ele liderou um artigo reportando a descoberta da expansão acelerada do universo. Sobre o trabalho pioneiro de Leavitt, Riess, comentou:
“Descobrindo uma relação para algumas estrelas entre o quão brilhante elas aparecem e o quão rápido elas pulsam, Henrietta Leavitt, nos deu uma ferramenta para medir o tamanho e a taxa de expansão do universo. Essa ferramenta permanece até hoje como uma das melhores para estudar o universo”.
O legado de Leavitt continua até hoje. Por exemplo, um resultado do Telescópio Espacial Hubble, anunciado em Janeiro de 2018, destaca o uso dessa relação – agora chamado de forma geral de Lei de Leavitt – na tentativa de identificar se uma nova física tem sido descoberta nas recentes observações cosmológicas.
Como muitas outras cientistas mulheres da sua época, a contribuição de Leavitt para o seu campo foi amplamente desprezada por seus pares científicos. Por exemplo, em um artigo sobre ela no site da American Association of Variable Star Observers, relata:
“Como ela viveu sem ser muito notada, a sua morte não foi muito divulgada entre seus pares: isso fica claro quando, em 1925, o matemático sueco, Gösta Mittag-Leffler, escreveu uma carta para ela: ‘Honrada senhorita Leavitt, sua descoberta admirável…me impressionou profundamente que eu me sinto seriamente inclinado para nomea-la para o Prêmio Nobel de Física de 1926’, ele teve que ser informado que de fato ela havia morrido 4 anos antes. Como o Prêmio Nobel nunca é dado para quem já morreu, Leavitt nunca recebeu sua nomeação”.
Hoje existem muitos esforços para dar a Leavitt o reconhecimento que o seu trabalho realmente merece. Isso inclui o livro de Dava Sobel, chamado “The Glass Universe: How the Ladies of the Harvard College Observatory Took the Measure of the Stars”, o livro cobre a vida de Leavitt e outras mulheres chamadas de “computadores humanos”, que trabalharam em Harvard nesse período de tempo. Leavitt e suas colegas são também o tema de uma peça recente chamada “silente Sky” que foi apresentada em Watertown, Mass. Além disso, existe uma outra produção recente, de Abril-Maio de 2018, que inclui Henrietta Swan Leavitt. A peça foi escrita por Joyce Van Dyke da Escola de Educação Continuada de Harvard e se chama “The Women Who Mapped the Stars”.
Maria McEachern, da biblioteca CfA Wolbach, disse isso sobre Leavitt:
“Uma das verdades mais profundas que me vem a mente ao pensar em Henrietta, seu trabalho e a sua influência, é expressa da melhor maneira numa citação atribuída ao Sir Isaac Newton: “Se eu consegui ver mais longe, é porque estava sobre o ombro de gigantes. Começando com a descoberta de Edwin Hubble em 1921 e continuando até os dias de hoje, os ombros de Henrietta Swan LEavitt têm suportado pesquisas verdadeiramente espetaculares”.
Lindsay Smith Zrull, curadora da coleção de placas fotográficas astronômicas no Harvard College Observatory, adicionou:
“O que me inspira sobre Leavitt e outras mulheres astrônomas que trabalharam no Harvard Observatory durante aquele período, é a quantidade de paixão que elas tinham pelas suas pesquisas. Era uma época em que a educação de alto nível para as mulheres era questionada e essas brilhantes astrônomas nem tinham direito a votas. Mesmo assim elas trabalharam para provar que as mulheres eram inteligentes, capazes e fortes”.
De fato a muito para ser comemorado nesse aniversário de 150 anos de Henrietta Swan Leavitt, a mulher que nos mostrou pela primeira vez o quão complexo é o universo em que vivemos.
Fonte:
[https://phys.org/news/2018-07-celebrate-henrietta-swan-leavitt-150th.html]