Três telescópios de raios-X têm monitorado o buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, na última década e meia observando o seu comportamento. Essa longa campanha de monitoramento tem revelado algumas novas mudanças nos padrões desse buraco negro de 4 milhões de massas solares conhecido como Sagittarius A* (Sgr A*).
O painel inferior do gráfico principal desse post é uma visão da região ao redor do Sgr A*, onde as cores vermelha, verde e azul, representam os raios-X de baixa, média e alta energia detectados pelo Observatório de Raios-X Chandra da NASA. O Sgr A* não é visto na imagem, mas ele está mergulhado no ponto brando na ponta final da seta. Os outros dois telescópios envolvidos nessas observações de raios-X de 15 anos foram o XMM-Newton da ESA e o Swift Gamma Ray Burst Explorer da NASA, mas seus dados não estão incluídos nessa imagem.
Dentro do último ano, o buraco negro normalmente tranquilo, tem mostrado um aumento no nível de flares de raios-X com relação à sua taxa típica. Esse aumento nos flares de raios-X coincide com a passagem perto do Sgr A* do misterioso objeto chamado G2. Os astrônomos estão rastreando o G2 por anos, pensado originalmente como uma extensa nuvem de gás e poeira. Contudo, depois da passagem próxima do Sgr A* no final de 2013 sua aparência não mudou muito, a menos do fato de ter sido levemente estirado pela gravidade do buraco negro. Isso levou a novas teorias que o G2 não era uma nuvem de gás, mas uma estrela ou um par de estrelas dentro de um casulo empoeirado.
Se a explicação do G2 explica os recentes flares em raios-X, esse seria o primeiro sinal do excesso de material caindo no buraco negro devido à passagem próxima da nuvem. Parte do gás, provavelmente foi arrancado da nuvem, e capturado pela gravidade do Sgr A*. Ele então poderia ter iniciado a interação com o material quente fluindo em direção ao buraco negro, resultando num aumento na taxa de alimentação e a produção dos flares de raios-X. Esse cenário é mostrado numa ilustração artística encontrada nos dois painéis superiores do gráfico.
Enquanto que o tempo da passagem do G2 com o aumento dos raios-X do Sgr A* é algo intrigante, ele não é um caso fechado. Isso porque os astrônomos observam outros buracos negros que parecem ter um comportamento similar ao aumento mais recente da atividade do Sgr A*. Portanto, é possível que esse aumento do ruído do Sgr A* pode ser algo comum entre os buracos negros supermassivo e não esteja relacionado com o G2. Ao invés disso, ele poderia representar, por exemplo, uma mudança na intensidade dos ventos provenientes das estrelas massivas próximas que estão alimentando o buraco negro.
As análises incluem 150 observações do Chandra e do XMM-Newton apontado para o centro da Via Láctea nos últimos 15 anos, estendendo de Setembro de 1999 até Novembro de 2014. Um aumento na taxa e no brilho das flares do Sgr A* ocorreu depois de meados de 2014, alguns meses depois da passagem próxima do G2 pelo imenso buraco negro. O mais recente conjunto de observações do Chandra, do XMM e do Swift, obtido entre 30 de Agosto e Outubro de 2014, revelou seis brilhantes flares em três dias, enquanto que a média esperada era de apenas 0.8 flares.
Fonte:
http://chandra.si.edu/photo/2015/sgra2/