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17 de novembro de 2024

Pesquisa da NASA Sugere Que Planetas do Tamanho da Terra São Comuns na Vizinhança Solar

Aproximadamente uma em cada quatro estrelas similares ao Sol podem hospedar planetas tão pequenos como a Terra, de acordo com um novo estudo feito pela NASA e pela University of California.

O estudo é considerado o mais extensivo e sensível censo planetário desse tipo. Os astrônomos usaram o Observatório W.M. Keck no Havaí por cinco anos para pesquisar 166 estrelas parecidas com o Sol próximas do nosso Sistema Solar procurando por planetas de vários tamanhos desde 3 vezes até mil vezes a massa da Terra. Todos os planetas no estudo tinham uma órbita próxima da estrela. Os resultados mostraram que existem mais planetas menores do que grandes, indicando que pequenos planetas prevalecem na nossa Via Láctea.

“Nós estudamos planetas de diferentes massas – é como contar rochas, pedras e pedregulhos em um cânion – e encontraram mais rochas do que pedras e mais pedregulhos do que pedras. Nossa tecnologia baseada em Terra não pode ver os grãos de areia, ou seja os planetas do tamanho da Terra, mas nós podemos estimar esse número”, disse Andrew Howard da University of California em Berkeley, principal autor do novo estudo. “Planetas do tamanho da Terra na nossa galáxia são como grãos de areia numa praia, ou seja, estão em todos os lugares”.

O estudo aparece em um artigo publicado na edição de 29 de Outubro de 2010 da Science e pode ser acessado aqui: http://tecnoscience.squarespace.com/arquivo/distribuico-da-ocorrencia-e-massa-de-planetas-semelhantes-co/

A pesquisa fornece pistas tentadoras de que potencialmente planetas habitáveis também poderiam ser algo comum no universo. Essa hipótese tem a colaboração de que planetas do tamanho da Terra orbitem suas estrelas a uma distância onde as condições para a vida poderiam ser favorecidas. A sonda Kepler da NASA está também pesquisando estrelas parecidas com o Sol procurando por planetas e espera encontrar os primeiros planetas parecidos com a Terra nos próximos anos.

Howard e a sua equipe de caçadores de planetas, que inclui o pesquisador principal Geoff Marcy também da University of California em Berkeley, procuram por planetas localizados a um raio de 80 anos-luz de distância da Terra, usando a técnica da velocidade radial para encontrá-los.

Eles mediram o número de planetas e dividiram em cinco grupos, variando desde 1000 vezes a massa da Terra, ou seja, três vezes a massa de Júpiter até planetas com três vezes a massa da Terra. A pesquisa foi confinada em planetas que orbitam suas estrelas a uma distância de 0.25 unidades astronômicas, ou seja, um quarto da distância entre a Terra e o Sol.

Uma tendência distinta saltou aos olhos: pequenos planetas são muito mais freqüentes do que os grandes. Somente 1.6% das estrelas hospedam planetas gigantes ao seu redor. Nesse grupo são incluídos os três planetas de maiores massas descobertos no estudo, ou seja, planetas com massa comparável a Saturno e Júpiter. Em torno de 6.5% das estrelas possuem planetas com massa intermediária, entre 10 e 30 vezes a massa da Terra, planetas do tamanho de Netuno e Urano. E 11.8% possuem os chamados planetas super-Terras, pesando entre 3 e 10 vezes a massa da Terra.

“Durante a formação de planetas, pequenos corpos similares a asteróides e cometas se chocam, eventualmente gerando corpos do tamanho da Terra e um pouco maiores. Nem todos os planetas crescem a um tamanho suficiente para se tornarem planetas gigantes como Saturno e Júpiter”, disse Howard. “É natural que esses blocos fundamentais de construção dos planetas sejam deixados para trás durante o processo”.

Os astrônomos extrapolaram dessa pesquisa dados para estimar que 23% de estrelas como o Sol na nossa galáxia possuem planetas menores, do tamanho da Terra orbitando a chamada zona quente próxima da estrela. “Esse é o resultado estatístico de anos de trabalho de caçada de planetas”, disse Marcy. “Os dados nos dizem que a nossa galáxia, com aproximadamente 200 bilhões de estrelas, existem no mínimo 46 bilhões de planetas do tamanho da Terra e isso sem contar planetas do tamanho da Terra que orbitam as estrelas a distâncias maiores que a sua zona habitável”.

As descobertas desafiam uma previsão chave estabelecida por algumas teorias da formação de planetas. Os modelos fazem a previsão de uma zona deserta de planetas na região quente próxima da estrela, ou uma queda no número de planetas com massas menores que 30 vezes a massa da Terra. Essa zona deserta imaginava-se que existia pelo fato da maioria dos planetas se formarem nas regiões frias e externas dos sistemas solares e somente os planetas gigantes migraram em número significante para a região quente mais interna. O novo estudo descobriu um grande número de pequenos planetas onde imaginava-se que deveria ali existir uma escassez de planetas.

“Nós estamos na ponta do entendimento sobre a freqüência de planetas do tamanho da Terra entre os sistemas planetários existentes na vizinhança solar”, disse Mario R. Perez, cientista do programa Keck da NASA. “Esse trabalho é parte de um programa científico da NASA chave e que irá estimular novas teorias para explicar o significado e o impacto dessas descobertas”.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2010-357&cid=release_2010-357&msource=exo20101028&tr=y&auid=7261658

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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