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22 de novembro de 2024

O Gigantesco Telescópio de Trinta Metros Observará o Espaço Profundo com mais Clareza

Quatrocentos anos depois do telescópio de Galileu ter revolucionado a visão da humanidade sobre o universo, um gigantesco telescópio está sendo construído para nos dar um entendimento mais profundo e totalmente novo do que conhecemos como universo.

O enorme Telescópio de Trinta Metros (Thirty Meter Telescope ou TMT), que tem um espelho primário do tamanho de uma baleia azul, é parte da nova geração de telescópios super poderosos. Programado para terminar a sua construção em 2018, ele será nove vezes mais poderoso do que o telescópio Keck e terá 12 vezes mais resolução do que o Telescópio Espacial Hubble. Do seu ponto de observação no alto do monte Mauna Kea no Havaí, o telescópio fornecerá uma visão extremamente detalhada do universo.

“Quanto mais nós aprendemos, o universo se torna mais misterioso e necessita mais do homem para se passar para o próximo passo”, disse Jerry Nelson, físico e cientista do projeto TMT.

Uma vez finalizado, o novo telescópio permitirá  aos astrônomos observar objetos apagados mas claro do que nunca antes. Será possível focar em um objeto e identificar estruturas extremamente distantes que atualmente aparecem só como borrão no Campo Profundo do Hubble.

Essa nova resolução irá fornecer informações preciosas sobre a matéria escura e a energia escura. Será também possível estudar planetas orbitando estrelas distantes. Com o TMT pela primeira vez será possível estudar a luz vinda diretamente dos planetas fora do sistema solar e assim gerar informações sobre sua atmosfera, composição química e dinâmica.

O novo TMT permitirá também olhar distante no tempo, estudando estrelas e galáxias localizadas nas fronteiras do universo.

Um sistema óptico avançado dará ao telescópio a possibilidade  observar a fundo o universo. A turbulência atmosférica normalmente distorce a luz proveniente das estrelas distantes. Desse modo, adaptações ópticas usam um laser de sódio para buscar essa turbulência, as informações são enviadas para um pequeno espelho deformável, que realiza as correções em tempo real permitindo assim que o telescópio tenha sempre uma imagem límpida do objeto. O efeito é como se colocasse um óculos no telescópio para corrigir os borrões na imagem.

Sem as adaptações ópticas, a astronomia baseada na superfície da Terra, não pode competir com projetos espaciais como o Telescópio Hubble. O sistema é considerado tão vital, que Nelson se refere a ele como o “coração e alma do espelho e do telescópio”.

Nelson tem sido chamado de o pai dos telescópios modernos, pois a partir do seu desenho pioneiro nos anos de 1970, permitiu a criação de telescópios monstruosos como o de 10 metros do Keck. Seus espelhos segmentados têm transformado de forma decisiva a astronomia levando muitos a chamá-lo de o Galileu dos tempos modernos.

Antes do projeto pioneiro de Nelson, telescópios com espelhos maiores que 5 metros eram considerados inviáveis devido a quantidade de problemas gerados. Eles eram muito pesados para serem carregados, eles eram muito sensíveis e eles poderiam até se dobrar devido ao próprio peso.

Nelson então observou que se o espelho principal fosse segmentado em pedaços hexagonais separados, todos esses problemas poderiam ser resolvidos. Seu projeto posicionou os espelhos como se fosse uma colméia de abelhas e utilizou complexos sistemas computacionais para guiar o sistema e fazê-lo funcionar como se fosse um único grande espelho.

O primeiro telescópio a utilizar esse novo desenho proposto por Nelson foi o Keck, que tem seu espelho principal composto por 36 pedaços individuais. O espelho principal do TMT será uma estrutura gigantesca composta por 492 pedaços individuais.

Os telescópios têm dobrado seu tamanho nos últimos 30 anos, e em um futuro não muito distante Nelson prevê a capacidade de se ter telescópios com 50 e até 100 metros.

Isso não quer dizer que será uma tarefa fácil. Com um custo estimado em 970 milhões de dólares, o TMT necessita de um consórcio que inclui a Universidade  da Califórnia, o CALTECH, o Canadá, o Japão, além de recursos vindos da Fundação Gordon e Betty Moore.

“As descobertas que serão feitas com o TMT simplesmente irão aumentar nossa sede por telescópios maiores e mais potentes”, diz Nelson. “Quanto maior for a nossa curiosidade e se tivermos a riqueza necessária para construir esse tipo de telescópio, acredito que iremos ver cada vez coisas maiores e mais detalhadas no universo”.

Concepção artística do espelho do gigantesco Telescópio de 30 Metros.
Concepção artística da cúpula do TMT no alto do monte Mauna Kea no Havaí.

Fontes:

http://www.tmt.org/index.html

http://www.wired.com/wiredscience/2009/11/thirty-meter-telescope/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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