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19 de dezembro de 2024

Os Canais e as Fraturas da Cratera Anaxagoras

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observatory_150105As relações estratigráficas nos depósitos de material derretido por impacto na Lua nem sempre são fáceis de serem encontradas, mas observações cuidadosas das imagens obtidas pela câmera NAC da sonda LROC fornecem a oportunidade perfeita para pesquisar esse tipo de relação. Na última imagem que publicamos aqui do site LROC, apresentamos a sobreposição de material derretido por impacto na margem distal dos anéis na parede norte da cratera Anaxagoras. Já a imagem apresentada hoje, destaca outra relação estratigráfica, só que dessa vez na porção sudoeste do depósito de material derretido da Anaxagoras, nas coordenadas 73.271?N, 349.033?E. Juntamente com as típicas feições perto da borda derretida, feições essas interpretadas como sendo o resultado do resfriamento e da contração, existe um monte coberto por material derretido por impacto, com pedaços de rochas a partir dos taludes mais íngremes. Na parte inferior da imagem, existem dois vales paralelos que cortam o material pré-existente. Esses vales provavelmente representam canais cavados no material derretido pelo impacto, onde o material fluía de uma elevação mais alta para elevações mais baixas e ia cavando o seu trajeto durante o percurso.

Mas qual caminho o fluxo de material derretido seguiu? Olhando cuidadosamente, existem depressões lineares apagadas que se estendem da parte superior da imagem para os canais, sugerindo que o fluxo progrediu da parte inferior direita da imagem em direção à parte superior esquerda. Esses canais lineares são muito rasos, pouco visíveis se comparado com as fraturas. O fato desses canais serem tão rasos, possivelmente resulta do movimento final do material derretido. As fraturas cortam os canais rasos, indicando que os canais são mais velhos que as fraturas.

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Contudo, notem a nitidez das fraturas. As fraturas que se curvam em direção ao monte e mais próximas dos vales de canais cavados, mais profundos possuem uma aparência suave quando comparadas com as fraturas mais próximas da parte central superior da imagem. Assim, existem duas famílias de fraturas, sugerindo que talvez os canais fluíram nessa área no topo de um depósito brilhante, algo razoável para os canais rasos, que então continuaram a se esfriar, formando o primeiro conjunto de fraturas. À medida que o material derretido esfriava mais, talvez um segundo conjunto de fraturas se formou isso se o segundo conjunto estiver relacionado com o resfriamento.

Talvez, o segundo conjunto de fraturas se formou como um sistema de bombeamento que falhou, ou talvez por uma injeção de material derretido mais quente nessa área, fazendo com que a crosta se inflasse com o resfriamento e soterrasse deixando os canais e o primeiro conjunto de fraturas rasos. Sem observações adicionais detalhadas, incluindo a topografia derivada das imagens feitas com a câmera NAC, a história estratigráfica do movimento do material derretido e do seu resfriamento tem no mínimo duas, ou três explicações. Contudo, a presença de pequenas cavidades nas fraturas mais jovens podem fornecer evidências para a história do bombeamento ou inflaçãoo, pois as cavidades e as fraturas no interior do depósito, longe das fronteiras do material derretido, estão provavelmente relacionadas com tubos de lavas subterrâneos do sistema de bombeamento do material derretido, uma hipótese suportada por muitas imagens NAC feitas em muitos locais distintos da Lua.

O que você acha? Depois de estudar a imagem abaixo, será que você consegue achar fortes evidências que suportem uma conclusão definitiva para a história estratigráfica do material derretido por impacto nessa porção da cratera Anaxagoras?

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Fonte:

http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/614-Channels-And-Fractures.html

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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