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18 de dezembro de 2024

Telescópio da NASA Encontra Buckyballs no Espaço pela Primeira Vez

Astrônomos usando o Telescópio Espacial Spitzer da NASA descobriram moléculas de carbono, conhecidas como “buckyballs”, no espaço pela primeira vez. Buckyballs são moléculas em forma de bolas de futebol que foram observadas em laboratório pela primeira vez 25 anos atrás.

Elas têm esse nome em homenagem a sua semelhança com os domos geodésicos desenvolvidos pelo arquiteto Buckminster Fuller, que integra círculos na superfície de uma esfera parcial. Já se imaginava antes que as Buckyballs podiam flutuar no espaço, mas até então elas haviam escapado de ser identificadas.

“Nós descobrimos o que são agora as maiores moléculas conhecidas no espaço”, disse o astrônomo Jan Cami da University of Western Ontario no Canadá, e do SETI Institute em Mountain View na Califórnia. “Nós estamos particularmente animados pois elas têm propriedades únicas que fazem com que elas tenham papel importante para todos os processos físicos e químicos que acontecem no espaço”. Cami é o autor do artigo que discute essa descoberta que aparece na edição da SciencExpress de 22 de Julho de 2010. O artigo original pode ser baixado no seguinte link: http://tecnoscience.squarespace.com/arquivo/.

As Buckyballs são feitas de 60 átomos de carbono arranjados em estruturas esféricas tridimensionais. Seus padrões alternantes de hexágonos e pentágonos jogam um típico jogo de futebol preto e branco. A equipe de pesquisa também descobriu que as buckyballs mais alongadas conhecidas como C70, foram observadas pela primeira vez no espaço. Essas moléculas consistem de 70 átomos de carbono e tem sua forma mais semelhante com uma bola oval de rugby. Ambos os tipos de moléculas pertencem à classe conhecida oficialmente como “buckminsterfullerenes” ou “fullerenes”.

A equipe de Cami, encontrou de forma inesperada as bolas de carbono em uma nebulosa planetária chamada Tc 1. As nebulosas planetárias são os remanescentes de estrelas, como o Sol, que perdem suas camadas externas de gás e poeira à medida que envelhecem. Uma estrela quente compacta, ou uma anã branca, no centro da nebulosa ilumina e aquece essas nuvens de material que estão sendo perdidas.

As buckyballs foram encontradas nessas nuvens, talvez refletindo um curto estágio da vida da estrela, quando ela perde material rico em carbono. Os astrônomos usaram os instrumentos de espectroscopia do Spitzer para analisar a luz infravermelha da nebulosa planetária e observar a assinatura espectral das buckyballs. Essas moléculas têm uma temperatura padrão, ideal para distinguir os padrões infravermelhos que o Spitzer pode detectar. De acordo com Cami, o Spitzer olhou para o lugar certo na hora certa. Um século a mais poderiam deixar as buckyballs muito frias para serem identificadas.

Os dados do Spitzer forma comparados com dados medidos em laboratório das mesmas moléculas e mostraram um ajuste perfeito.

“Nós não planejamos essa descoberta”, diz Cami. “Mas quando nós observamos as assinaturas espectrais nós sabíamos que estávamos olhando para moléculas novas no espaço”.

Em 1970, o professor japonês Eiji Osawa previu a existência das buckyballs, mas elas não foram observadas até os experimentos de laboratório em 1985. Os pesquisadores simularam as condições na atmosfera rica em carbono de estrelas onde as cadeias de carbono são detectadas. De maneira surpreendente esses experimentos resultaram na formação de grandes quantidades de buckminsterfullerenes. As moléculas já haviam sido encontradas em camadas de rocha na Terra.

O estudo das fullerenes e de suas moléculas pais têm crescido no campo das pesquisas pelo fato dessas moléculas serem excepcionalmente fortes e ter propriedades físicas e químicas espetaculares. Entre as potenciais aplicações estão a blindagem, drogas farmacêuticas e tecnologias de supercondutores


Sir Harry Kroto, que dividiu o Prêmio Nobel de química em 1996 com Bob Curl e Rick Smalley pela descoberta das buckyballs, disse: “O mais importante dessa descoberta é fornecer evidências convincentes de que as buckyballs têm, como eu sempre suspeitei, existido desde os tempos mais longínquos de vida da nossa galáxia”.

Pesquisadores anteriores que buscaram por buckyballs no espaço em particular ao redor de estrelas ricas em carbono não tiveram sucesso. Um caso promissor de provar a sua presença em tênues nuvens entre as estrelas foi apresentado há 15 anos, usando observações no comprimento de onda da luz visível. Essa possível descoberta ainda está esperando por uma confirmação de medidas de laboratório. Mais recentemente outra equipe que trabalha com o Spitzer, relatou a evidência por buckyballs em um diferente tipo de objeto, mas a assinatura que eles observaram era parcialmente contaminada por outras substâncias químicas.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2010-243&cid=release_2010-243&msource=2010243&tr=y&auid=6681195

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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