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27 de dezembro de 2024

Sonda Orbital da NASA Registra Movimento de Dunas em Marte


Imagens obtidas pela sonda da NASA Mars Reconnaissance Orbiter, ou MRO, mostra dunas de areia e ondulações se movimentando através da superfície de Marte em dezenas de localizações e derivando por algumas jardas. Essas observações  revelam que a superfície arenosa do planeta e mais dinâmica do que se pensava anteriormente.

“Marte tem mais rajadas de vento do que nós sabíamos antes ou os ventos são capazes de transportar mais areia do que se pensava”, disse Nathan Bridges, cientista planetário do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel e principal autor de um artigo publicado na revista especializada Geology. “Nós normalmente pensávamos que a areia em Marte era relativamente imóvel, assim sendo, essas novas observações mudam completamente nossa perspectiva sobre o planeta”.

Enquanto que sabe-se que a poeira vermelha vaga ao redor de Marte por  meio de redemoinhos e as chamadas poeiras fantasmas, os grãos de areia escura de Marte são maiores e mais difíceis de serem movimentados. Há menos de uma década atrás, os cientistas pensavam que as dunas e ondulações em Marte não se movimentavam ou se moviam tão lentamente que seria praticamente impossível detectar seu movimento.

A sonda MRO foi lançada em 2005. Imagens iniciais feiras com a câmera de alta resolução da sonda chamada de High Resolution Imaging Science Experiment, ou HiRISE, documentaram somente poucos casos de movimentação de dunas de areia e de ondulações, feições que coletivamente são chamadas de camadas. Agora depois de anos de monitoramento da superfície de Marte, a sonda tem documentado movimentos de alguns metros por ano em dezenas de localizações através do planeta.

O ar em Marte é fino, assim rajadas de ventos mais fortes são necessárias para movimentar um grão de areia. Experimentos em túneis de vento têm mostrado  que retalhos de areia precisariam de ventos de 130 km/h para se movimentarem em Marte, o que é considerada uma velocidade muito alto se compararmos com a Terra, onde  uma velocidade de 16 km/h já é suficiente para mover os grãos de areia. Medidas de experimentos meteorológicos feitos pelas sondas Viking da NASA  nos anos de 1970 e começo dos anos de 1980, em adição a modelos climáticos, mostraram que os ventos poderiam ser algo raro em Marte.

As primeiras pistas de que as dunas em Marte se moviam vieram da sonda da NASA Mars Global Surveyor que operou no Planeta Vermelho de 1997 até 2006. Porém, as câmeras da sonda não tinham resolução suficiente para detectar de forma definitiva as mudanças. As sondas robôs que vasculham a superfície de Marte também detectaram pistas sobre a movimentação da areia em Marte quando elas tocaram a superfície de Marte em 2004. A equipe responsável pela missão ficou surpresa a ver grãos de areia pontuando os painéis solares das sondas. Eles também testemunharam as marcas deixadas pelas sondas serem cobertas por areia.

“A areia em Marte se move pulando de lugar para lugar”, disse Matthew Golombek, co-autor de um novo artigo que divulga esse resultados e um membro das equipes da Mars Exploration Rover e da Mars Reconnaissance Orbiter no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena na Califórnia. “Antes das sondas pousarem em Marte , nós não tínhamos nenhuma evidência clara sobre a movimentação de areia no planeta”.

Nem todas as areias em Marte são sopradas pelo vento. O estudo também identifica  área onde essas feições não se movem.

“As dunas de areia onde nós não observamos movimentos hoje podem ser formadas por grãos maiores, ou talvez suas superfícies são compactadas”, disse Bridges, que também é membro da equipe da câmera HiRISE. “Esses estudos mostram o benefício de um monitoramento de longo prazo em alta resolução”.

De acordo com os cientistas, as aparentemente estacionárias podem se mover em escalas de tempo muito maiores, movimentos esses que podem ser iniciados por ciclos climáticos em Marte que duram dezenas de milhares de anos. A inclinação do eixo de Marte pode causar mudanças extremas no clima de Marte, mudanças essas muito maiores do que as observadas na Terra. Marte pode ter sido em algum momento de sua história, quente o bastante para que o dióxido de carbono agora congelado nas calotas polares pudesse estar livre para formar uma atmosfera mais espessa, gerando assim ventos mais fortes que foram capazes de movimentar e transportar a areia.

A câmera HiRISE é operada pela Universidade do Arizona em Tucson. O instrumento foi construído pela Ball Aerospace & Technologies Corp. de Boulder no Colorado. As Mars Exploration Rovers Opportunity e Spirit foram construídas pelo JPL. O JPL também gerencia a sonda Mars Reconnaissance Orbiter e os projetos Mars Exploration Rovers para o Science Mission Directorate da NASA em Washington. A Lockheed Martin Space Systems de Denver é uma indústria parceira da NASA para o Mars Reconnaissance Orbiter Project e construiu a sonda. O JPL é gerenciado para a NASA, pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2011-358&cid=release_2011-358&msource=11358&tr=y&auid=9882208


Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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