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22 de novembro de 2024

O Observatório Espacial Herschel Encontra Um Oceano de Água No Disco de Uma Estrela Próxima


Usando dados do Observatório Espacial Herschel, os astrônomos detectaram pela primeira vez o vapor de água fria envolvendo um disco de poeira ao redor de uma estrela jovem. As descobertas sugerem que este disco, que está prestes a se transformar em um sistema solar, contém grandes quantidades de água, sugerindo que a cobertura de água em planetas como a Terra pode ser comum no universo. O Herschel é uma missão da Agência Espacial Europeia, com importantes contribuições da NASA.

Os cientistas já haviam encontrado vapor de água quente em discos de formação de planetas perto de uma estrela central. Evidências para grandes quantidades de água que se estendem para as regiões mais frias e distantes dos discos, regiões essas onde os cometas tomam forma não tinham sido observadas até agora. Quanto mais água disponível em discos para os cometas congelados se formarem, maior a chance de que grandes quantidades eventualmente atingirão novos planetas através de impactos.

“Nossas observações deste vapor frio indicam a existência de água suficiente no disco para preencher milhares de oceanos da Terra”, disse o astrônomo Michiel Hogerheijde do Observatório de Leiden na Holanda. Hogerheijde é o principal autor de um artigo descrevendo os resultados que foi publicado na edição 21 de Outubro de 2011 na revista Science e que é reproduzido ao final desse post.

A estrela com este disco alagado, chamada TW Hydrae, tem 10 milhões de anos e localiza-se a cerca de 175 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Hidra. Acredita-se que a neblina, frígida aquosa detectada por Hogerheijde e sua equipe se origine de gelo revestindo os grãos de poeira perto da superfície do disco. A radiação ultravioleta da estrela faz com que algumas moléculas de água se livrem deste gelo, criando uma fina camada de gás com uma assinatura de luz detectada pelo instrumento Heterodyne Instrument for the Far-Infrared ou HIFI, que viaja a bordo do Herschel.

“Essas são as observações mais sensíveis já feitas até a data com o HIFI”, disse Paul Goldsmith, o cientista da NASA para o projeto do Observatório Espacial Herschel no Jet Propulsion Laboratory em Pasadena, Califórnia “Essa é uma prova para os construtores de instrumentos de que tais sinais fracos podem ser detectados”.

A TW Hydrae é uma estrela anã laranja, um pouco menor e mais fria do que o nosso sol que é amarelo-branco. O disco gigante de material que circunda a estrela tem um tamanho de cerca de 200 vezes a distância entre a Terra e o Sol. Ao longo dos próximos milhões de anos, os astrônomos acreditam que a matéria dentro do disco irá colidir e crescer em forma de planetas, asteróides e outros corpos cósmicos. Partículas de poeira e gelo vão se aglomerar e formar cometas.

À medida que o novo sistema solar evolui, os cometas de gelo provavelmente depositarão grande parte do gelo que os forma nos mundos recém criados por meio de impactos, dando origem assim aos oceanos Os astrônomos acreditam que a TW Hydrae e seu disco de gelo podem ser representativos de muitos outros sistemas estelares jovens, oferecendo novas idéias sobre como os planetas com água em abundância poderiam se formar todo o universo.

O Herschel é uma missão da Agência Espacial Europeia lançada em 2009 carregando instrumentos científicos fornecidos por consórcios de institutos europeus. O Gabinete da NASA para o Projeto Herschel baseado no JPL contribuiu para a missão fornecendo a tecnologia de dois dos três instrumentos científicos do Herschel. O NASA Herschel Science Center, parte do Infrared Processing and Analysis Center no California Institute of Technology em Pasadena, suporta a comunidade astronômica americana. O Caltech gerencia o JPL para a NASA.

Science 2011-akeson-316-7

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Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2011-327&cid=release_2011-327&msource=11327&tr=y&auid=9730957


Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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