Quarenta e quatro planetas localizados em sistemas solares além do nosso foram descobertos de uma vez só, isso faz com que as confirmações simultâneas de exoplanetas que normalmente são de uma dúzia ou menos, deem um grande salto. As descobertas irão melhorar os modelos existente de sistemas solares e podem ajudar os pesquisadores a investigarem as atmosferas de exoplanetas. Novas técnicas de processamento de dados foram desenvolvidas para validar a descoberta e podem ser usadas para acelerar o processo de confirmação de mais candidatos a exoplanetas.
Uma equipe internacional de astrônomos pesquisou nos dados do telescópio espacial Kepler da NASA e nos dados da missão Gaia da ESA, bem como usou dados de telescópios baseados em Terra no EUA. Com John Livingson, principal autor do estudo e estudante da Universidade de Tóquio, as fontes combinadas da equipe levaram à confirmação da existência desses 44 exoplanetas e os astrônomos conseguiram descrever vários detalhes sobre eles.
Uma parte dos exoplanetas descobertos possui características surpreendentes. “Por exemplo, 4 dos exoplanetas orbitam suas estrelas num período de menos de 24 horas”, disse Livingston. “Em outras palavras, um ano em cada um desses planetas é menor do que um dia na Terra”. Esses exoplanetas contribuem para uma pequena lista, mas que está crescendo de planetas de período ultra-curtos, sugerindo que eles poderiam ser mais comuns do que se pensava anteriormente.
“Também foi gratificante verificar a existência de muitos exoplanetas pequenos”, continua Livingston. “Dezesseis dos exoplanetas descobertos têm a mesma classe da Terra, um em particular é extremamente pequeno, do tamanho de Vênus, aproximadamente, o que é uma bela afirmação, já que esse exoplaneta está muito perto do limite de detecção atual”.
As observações usadas como fonte para esse estudo foram feitas pelo Kepler, que desde 2013 está operando a chamada missão K2. Os dados usados nessa pesquisa são da chamada Campanha 10 de observação do Kepler. Só lembrando que nesse momento o Kepler está no final da sua missão, pois seu combustível praticamente esgotou e ele começou a Campanha 19.
Os planetas observados pelo Kepler são conhecidos como planetas que transitam suas estrelas, já que suas órbitas, vistas da perspectiva do Kepler, passam na frente de suas estrelas, reduzindo levemente o brilho., Contudo, outros fenômenos astrofísicos podem causar sinais similares, assim, observações chamadas de observações de follow-up além de análises estatísticas detalhadas dos dados foram realizadas para confirmar a natureza planetária dos sinais. Como parte do seu trabalho de doutorado Livingston viajou até o Observatório de Kitt Peak, no Arizona, para obter dados do interferômetro de alta precisão instalado nesse grande telescópio. Essas observações juntamente com outras observações realizadas por telescópios no Texas, foram necessárias para caracterizar as estrelas de maneira precisa e assim descartar os chamados falsos positivos. A combinação de análises detalhadas dos dados desses telescópios em terra, com os dados do K2, e com os dados da missão Gaia, permitiram a precisa determinação do tamanho e da temperatura dos planetas descobertos. As descobertas realizadas pela equipe ainda incluem 27 candidatos adicionais que provavelmente são planetas também, mas que ainda precisam de mais observações para serem confirmados.
Os cientistas esperam entender quais tipos de planetas podem estar aí pelo universo, mas conclusões válidas só podem ter tiradas com um número suficiente de exoplanetas para que se possa fazer uma análise estatística robusta. A adição de um grande número de novos planetas, leva a um melhor entendimento teórico da formação do sistema solar. Os planetas também fornecem bons alvos para estudos individuais detalhados, como medidas da composição planetária, da atmosfera e da estrutura interna, em particular para 18 dos exoplanetas descobertos que se encontram em sistemas múltiplos. “A investigação de outros sistemas solares pode nos ajudar a entender como os planetas e até mesmo como o nosso sistema solar se formou”, disse Livingston. “O estudo de outros mundos tem muito a nos ensinar”.
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