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1I/’Oumuamua Teve Um Passado Violento E Gira Caoticamente Por Bilhões de Anos

O primeiro visitante interestelar descoberto no nosso Sistema Solar teve um passado violento, que faz com que ele esteja girando de forma caótica, descobriu um cientista da Universidade de Queens.

O 1I/Oumuamua voou pelo nosso Sistema Solar em Outubro de 2017, e foi originalmente pensado como um cometa, e então mais tarde foi revelado que ele era um asteroide na forma de charuto.

Desde Outubro de 2017, o Dr. Wes Fraser, juntamente com o Dr. Pedro Lacerda, e a Dra. Michele Bannister e o Professor Alan Fitzsimmons, todos da Escola de Matemática e Física de Belfast da Universidade de Queens, estão analisando o brilho do objeto. Eles estão trabalhando com uma equipe internacional que inclui o Dr. Petr Pravec da Academia de Ciências da República Tcheca, o Dr. Colin Snodgrass da Open University e Igor Smolic’ da Universidade de Belgrado.

Eles descobriram que o 1I/’Oumuamua não está girando periodicamente como a maior parte dos pequenos corpos e asteroides que nós observamos no Sistema Solar. Ao invés disso, ele está girando de forma caótica, e pode estar assim por bilhões de anos.

Embora seja difícil apontar a exata razão para isso, acredita-se que o 1I/’Oumuamua foi atingido por outro asteroide antes de ser lançado violentamente do seu sistema no espaço interestelar.

O Dr. Fraser, explica: “Nosso modelo desse corpo sugere que ele ficará girando caoticamente por muitos bilhões de anos a centenas de bilhões de anos, antes que a tensão interna do corpo faça com que ele comece a girar normalmente novamente”.

“Enquanto nós não sabemos o que causou esse giro caótico, nós previmos que é mais provável que ele tenha sido atingido por outro planetesimal em seu sistema antes de ser ejetado para o espaço interestelar”.

Até agora, os cientistas têm discutido sobre o fato da cor do 1I/’Oumuamua variar entre as medidas. Contudo, a pesquisa do Dr. Fraser tem revelado agora que sua superfície é irregular e que quando a face mais longa do objeto está voltada para os telescópios na Terra, a maior parte do seu corpo se apresenta de forma avermelhada, mas o resto do corpo do objeto possui uma coloração neutra, como neve suja.

O Dr. Fraser, explica: “A maior parte da superfície reflete de forma neutra, mas a sua face mais alongada tem uma grande região avermelhada. Isso faz com que ele possa ter uma grande variação composicional, que é incomum para um corpo pequeno como ele”.

As descobertas, que foram publicadas na Nature Astronomy, estão ajudando a construir um perfil mais preciso para o 1I/’Oumuamua.

“Nós agora sabemos que além da sua forma alongada incomum, esse objeto tem origens em outra estrela, teve um passado violento, gira caoticamente devido a isso. Nossos resultados estão realmente ajudando a pintar uma imagem mais completa desse estranho objeto interestelar. Ele é bem incomum se comparado com a maior parte dos asteroides e cometas que nós observamos no nosso Sistema Solar”, comenta o Dr. Fraser.

Desde que o 1I/’Oumuamua foi registrado em Outubro de 2017, uma equipe de pesquisadores na Universidade de Queens está analisando o objeto em detalhe. Esse é o terceiro artigo que a equipe publica sobre o tema, a equipe inclui, os estudantes de doutorado Meabh Hyland e Thomas Seccull. O Dr. Wes Fraser, a Dra. Michele Bannister, o Dr. Pedro Lacerda e o Professor Alan Fitzsimmons têm sido apoiados pelo financiamento do Science and Technology Facilities Council para a sua pesquisa.

Fonte:

https://phys.org/news/2018-02-oumuamua-violent-billions-years.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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