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Yellowstone: O Supervulcão É Mais Complexo Do Que Se Pensava

Em uma nova luz lançada sobre o supervulcão Yellowstone, a mais recente erupção formadora de caldeira se mostrou “muito mais complexa do que se pensava anteriormente”. Diferentemente do que se imaginava, a última supererupção em Yellowstone, ocorrida há 631.000 anos, não foi apenas uma gigantesca explosão. Pesquisas recentes sugerem que foi uma série de erupções, ou múltiplos pontos de erupção, liberando material vulcânico em rápida sucessão.

Yellowstone é um dos maiores sistemas vulcânicos do mundo. Ele está situado acima de um dos “hotspots” da Terra – áreas do manto onde plumas quentes ascendem e formam vulcões na crosta acima. Ao longo dos últimos 3 milhões de anos, produziu três erupções formadoras de caldeiras: a erupção Huckleberry Ridge Tuff, há 2,1 milhões de anos; a erupção Mesa Falls, há 1,3 milhão de anos; e a erupção Lava Creek, há 631.000 anos.

Os eventos de Huckleberry Ridge Tuff e Lava Creek são considerados supererupções porque expeliram mais de 240 milhas cúbicas (1.000 quilômetros cúbicos) de material. A última foi responsável pela formação da caldera de Yellowstone. A erupção de Mesa Falls liberou 67 milhas cúbicas (280 quilômetros cúbicos) de material, portanto, apesar de ainda ser cerca de 10 vezes maior que a erupção de 1980 do Monte St. Helens, não é considerada uma supererupção.

Pesquisas anteriores demonstraram que a supererupção Lava Creek não foi inesperada. Depósitos na região de Sour Creek Dome, a leste do parque nacional, sugerem que a gigantesca explosão foi precedida por pelo menos uma erupção. A ignimbrita (rocha vulcânica formada pelos depósitos da mistura quente de material ejetado durante uma erupção) encontrada no local havia esfriado completamente antes da erupção de Lava Creek mapeada acontecer.

Os pesquisadores descobriram que ocorreram múltiplos eventos explosivos durante a última supererupção em Yellowstone. Para melhor entender a linha do tempo da erupção, os cientistas passaram o ano de 2022 mapeando novamente e coletando amostras no Sour Creek Dome.

“Sempre se soube que havia pelo menos duas unidades geológicas da erupção, e se pensava que havia pouco ou nenhum intervalo de tempo entre elas”, afirmou Michael Poland, cientista responsável no Observatório do Vulcão de Yellowstone. “Agora, pensamos que há mais unidades. E ainda não temos certeza sobre qual poderia ter sido o intervalo de tempo entre elas, se é que houve algum.”

Até agora, a equipe identificou quatro unidades de ignimbrita previamente não reconhecidas em Sour Creek, sugerindo pelo menos quatro impulsos eruptivos. Também encontraram duas estruturas que parecem ser pontos de erupção, que podem ter sido a fonte dessas rochas.

“Isso pode significar que vários pontos de erupção estavam ativos e/ou houve separação de tempo entre as erupções”, disse Poland. “Mas ainda não temos os dados de que precisamos para responder a essas perguntas.”

Em 2020, cientistas descobriram que a erupção de Huckleberry Ridge Tuff, que ejetou mais do que o dobro da quantidade de material vulcânico que Lava Creek, também foi um evento em fases. Análises das rochas no local sugerem que houve três erupções separadas, com semanas a meses entre as duas primeiras e anos a décadas entre a segunda e a terceira.

O vulcão Yellowstone não é esperado para entrar em erupção tão cedo. No entanto, a descoberta de que a erupção de Lava Creek pode ter seguido um padrão semelhante ao da erupção de Huckleberry Ridge Tuff pode dar uma ideia do que esperar se e quando Yellowstone explodir. “Essas grandes erupções formadoras de caldeira podem não ser eventos únicos em Yellowstone, mas em vez disso, têm múltiplas fases”, afirmou Poland.

Os pesquisadores do vulcão agora planejam realizar exames detalhados das novas unidades descobertas e das fronteiras entre elas. Isso permitirá que pintem um quadro mais detalhado do que parecia a erupção de Lava Creek – e talvez até mesmo o que a desencadeou.

Fonte:

https://www.space.com/yellowstone-volcano-super-eruptions-appear-to-involve-multiple-explosive-events

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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