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Via Láctea Colidiu Com Uma Galáxia Dominada Por Matéria Escura A Menos de 1 Bilhão de Anos Atrás

De acordo com uma nova pesquisa liderada pelo Rochester Institute of Technology, o RIT, a colisão de uma galáxia anã, recém-descoberta, a galáxia anã Antila 2, com a nossa galáxia, a Via Láctea, a centenas de milhões de anos atrás, é responsável por ondas no disco externo de gás da nossa galáxia.

Antila 2, foi descoberta em 2018, quando a missão Gaia fez a sua segunda liberação de dados.

A galáxia anã está localizada na constelação de Antila, a aproximadamente 130 mil anos-luz de distância da Terra.

Ela tem o tamanho aproximado da Grande Nuvem de Magalhães, e tem um terço do tamanho da Via Láctea.

A posição atual da Antila 2, se ajusta bem com a localização de uma galáxia anã dominada por matéria escura que os astrônomos tinham previstos em 2009 a partir de uma análise dinâmica.

Usando os dados da missão Gaia, eles calcularam sua trajetória passada e descobriram que a Antila 2 teria colidido com a Via Láctea e produzido grandes ondulações que nós observamos no gás localizado na parte externa do disco da Via Láctea.

“A descoberta poderia ajudar a desenvolver métodos para caçar por galáxias escuras e por fim, resolver o grande mistério sobre a matéria escura”, disse Sukanya Chakrabarti, astrônomo do RIT e principal autor do estudo.

“Nós não entendemos qual é a natureza da partícula da matéria escura, mas se você sabe o quanto de matéria escura tem, então o que é indeterminado é a variação da densidade com o raio”.

“Se Antila 2 é a galáxia anã, que previmos, você sabe qual a sua órbita. Você sabe que ela chegou perto do disco galáctico. Isso insere restrições não apenas na massa, mas também na densidade. Isso significa que você pode usar Antila 2 como um laboratório único para aprender sobre a natureza da matéria escura”.

O Dr. Chakrabarti e seus colegas também exploraram outras causas potenciais para as ondulações no disco externo da Via Láctea, mas logo eliminaram esses outros candidatos.

Por exemplo, a galáxia anã Sagittarius não teria força gravitacional suficiente para isso e a Pequena e a Grande Nuvens de Magalhães estão muito distantes.

A evidência aponta para Antila 2 como sendo a causa mais provável.

“Liberações adicionais dos dados da missão Gaia poderão fornecer uma maior clareza sobre isso”, disse o Dr. Chakrabarti.

“Nós já fizemos uma previsão do que esperar para o movimento das estrelas na galáxia anã Antila 2 em futuras liberações de dados pela missão Gaia”, disse o pesquisador. Se a previsão coincidir com os dados, eles estão no caminho certo.

O artigo descrevendo a descoberta será publicado no Astrophysical Journal Letters.

Fonte:

https://arxiv.org/pdf/1906.04203.pdf

http://www.sci-news.com/astronomy/antlia-2-milky-way-collision-07299.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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