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21 de novembro de 2024

Vênus como um local para a vida

Por Yara Laiz Souza

Pensar em Vênus como um local propício à vida é um tanto quanto exagerado, mas uma modelagem climática realizada pelo Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA conseguiu mostrar Vênus como um local habitável. Teoricamente, o planeta permaneceu assim por pelo menos dois bilhões de anos. Saber se durante esse tempo algo teve a chance de se desenvolver e como o planeta alcançou o cenário caótico de hoje são os próximos passos para o que parece ser uma série de descobertas sem precedentes sobre Vênus.

O modelo climático utilizado foi um modelo computacional semelhante ao utilizado para prever futuras mudanças climáticas da Terra. “Muitas das mesmas ferramentas que usamos para modelar as mudanças climáticas na Terra podem ser adaptados para estudar climas em outros planetas, tanto do passado como do presente”, explica Michael Way, líder da pesquisa.

Os resultados mostraram um planeta totalmente diferente do de hoje, que pode até mesmo ser definido como um planeta infernal. As temperaturas alcançam a casa dos 400 graus Celsius e quase não há vapor d’água. Além disso, o efeito estufa de Vênus é totalmente desregulado e frenético.

Nos anos 80, a missão Pioneer da NASA teorizou que Vênus teria abrigado um oceano que foi evaporado e as moléculas de vapor de água quebradas por conta da radiação solar. Com isso, o dióxido de carbono na atmosfera alterou o efeito estufa do planeta.

A equipe de Way simulou condições hipotéticas de Vênus durante o início de sua história. As condições envolviam uma atmosfera semelhante a da Terra e um oceano raso consistente segundo os dados da missão Pioneer. Dados sobre topografia foram inseridos conforme resultados com a missão Magellan da NASA realizada em 1990. Planícies foram enchidas com água expondo terras altas como continentes.

“[Na] (…) simulação do modelo, a rotação lenta de Vênus expõe sua volta ao redor do Sol durante quase dois meses em um momento”, comenta o co-autor do estudo Anthony Del Genio. “Isto aquece a superfície e produz chuva que cria uma camada espessa de nuvens que funciona como um guarda-chuva para proteger a superfície da maior parte do aquecimento solar. O resultado disso são temperaturas climáticas médias que são realmente alguns graus mais frio que a da Terra atualmente”.

Anteriormente, estudos mostravam a rapidez com que um planeta habitável é capaz de girar. Vênus tem cerca de 117 dias terrestres e atribuía-se á atmosfera espessa de hoje a taxa de rotação mais lenta que o planeta passou a possuir. Porém, sabemos que uma atmosfera mais fina também obteria o mesmo comportamento.

Via site da NASA

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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