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16 de novembro de 2024

Uma Galáxia Elegante Numa Luz Invulgar

A nova imagem obtida com a poderosa câmara HAWK-I montada no Very Large Telescope do ESO, no Observatório do Paranal, Chile, mostra a galáxia NGC 1365 no infravermelho, uma bela galáxia espiral barrada. A NGC 1365 faz parte do aglomerado de galáxias Fornax, situado a cerca de 60 milhões de anos-luz de distância da Terra.

A NGC 1365 é uma das mais bem conhecidas e estudadas galáxias espirais barradas, também chamada por vezes Grande Galáxia Espiral Barrada, devido à sua forma perfeita, com uma barra bem definida e dois braços espirais exteriores muito proeminentes. Próximo do centro encontra-se uma segunda estrutura em espiral. Toda a galáxia está delicadamente enredada em bandas de poeira.

Esta galáxia é um excelente laboratório para o estudo da formação e evolução das galáxias espirais barradas. As novas imagens infravermelhas do HAWK-I são menos afetadas pela poeira que obscurece partes da galáxia do que as imagens no visível, revelando por isso, de maneira bastante clara, o brilho de um grande número de estrelas situadas tanto na barra como nos braços em espiral. Os dados foram adquiridos no intuito de se compreender o funcionamento da complexa corrente de matéria situada no interior da galáxia e de que maneira esta corrente afeta os reservatórios de gás a partir dos quais se formam novas estrelas. A enorme barra perturba a forma do campo gravitacional da galáxia originando zonas onde o gás é comprimido, o que provoca  a formação estelar. Aglomerados estelares jovens grandes delineiam os braços em espiral principais, cada um contendo centenas ou milhares de estrelas jovens brilhantes com menos de dez milhões de anos de idade. A galáxia encontra-se afastada demais para que possamos distinguir estrelas individuais, consequentemente muitos dos pequenos nós visíveis na imagem são na realidade enxames estelares.  A taxa de formação estelar média em toda a galáxia corresponde a formarem-se por ano cerca de três vezes a massa do nosso Sol.

Embora a barra da galáxia seja principalmente constituída por estrelas mais velhas, muitas estrelas novas nascem nas maternidades estelares de gás e poeira situadas na espiral interior próxima do núcleo. A barra também canaliza gravitacionalmente gás e poeira para o centro da galáxia, onde os astrônomos encontraram evidências da presença de um buraco negro de elevada massa, bem escondido entre as miríades de estrelas novas intensamente brilhantes.

NGC 1365 tem uma dimensão de cerca de 200 000 anos-luz, incluindo os dois enormes braços em espiral. As diferentes partes da galáxia levam tempos diferentes a dar uma volta completa em torno do centro, sendo que a zona mais exterior da barra demora cerca de 350 milhões de anos a completar um circuito. NGC 1365 e outras galáxias do mesmo tipo foram observadas mais atentamente em anos recentes quando novas observações indicaram que a Via Láctea poderia também ser uma galáxia espiral barrada. Este tipo de galáxias é bastante comum – dois terços de todas as galáxias espirais são barradas, de acordo com estimativas recentes, e por isso estudar outras galáxias do mesmo tipo poderá ajudar os astrônomos a melhor compreender a nossa própria casa galáctica.

[youtube width=”800″ height=”666″]http://www.youtube.com/watch?v=Lx1BFuI3xas[/youtube]

Esse vídeo mostra a seqüência de aproximação começando com uma visão geral do céu do sul desde a Via Láctea. Gradativamente o vídeo foca na constelação de Formax (a Fornalha) e algumas galáxias do Aglomerado de Galáxias de Formax são visíveis. A seqüência final mostra a espetacular galáxia espiral barrada NGC 1365 em sua nova cara diante da câmera infravermelha HAWK-I do VLT do ESO.

[youtube width=”800″ height=”666″]http://www.youtube.com/watch?v=g-ZbknzQJjg[/youtube]

Neste vídeo apresentamos o contraste entre as imagens em infravermelho e em luz visível da galáxia espiral barrada NGC 1365, feitas pela câmera FORS1 do VLT do ESO e pela nova câmera que registra a luz infravermelha HAWK-I. No infravermelho próximo a poeira na galáxia é menos proeminente e isso faz com que os novos dados obtidos sejam ideais para se estudar as complexas interações entre as estrelas e o gás nessa impressionante espiral barrada.

Fonte:

http://www.eso.org/public/news/eso1038/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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