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25 de novembro de 2024

Uma Galáxia Com Dois Corações

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observatory_1501054Essa nova imagem do Hubble mostra a galáxia espiral Messier 83, conhecida como a Galáxia do Cata-Vento do Sul. Uma das maiores galáxias espirais barradas e mais próximas de nós, essa galáxia é dramática e misteriosa, e tem hospedado um grande número de explosões de supernovas e acredita-se que ela tenha dois núcleos.

A Messier 83 não se mistura com as galáxias de segundo plano. Localizada a aproximadamente 15 milhões de anos-luz de distância na direção da constelação de Hydra (A Serpente do Mar), ela é uma das mais destacadas galáxias desse tipo nos nossos céus. Ela é um membro proeminente de um grupo de galáxias conhecido como o Grupo Centaurus A/M83, que também contém a empoeirada Centaurus A, e a irregular NGC 5253 como membros.

As galáxias espirais aparecem em uma grande variedade de tipos dependendo da sua aparência e da sua estrutura – por exemplo, quão juntos são seus braços, e as características do seus bulbos centrais. A Messier 83 tem uma barra de estrelas deslizando pelo seu centro, levando à sua classificação como espiral barrada. A Via Láctea, por exemplo, pertence a essa categoria.

Acredita-se que essas barras ajam como um funil, canalizando o gás em direção ao centro da galáxia. Esse gás é então usado para formar novas estrelas e também para alimentar o buraco negro central da galáxia, explicando por que muitas espirais barradas – incluindo a Messier 83 – possuem regiões centrais bem ativas e luminosas.

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Contudo, o centro da Messier 83 é misterioso e incomum, o buraco negro supermassivo em seu coração não está sozinho. Essa impressionante espiral apresenta um fenômeno conhecido como núcleo duplo – uma feição que também tem sido identificada na Galáxia de Andrômeda, a galáxia espiral mais próxima da Terra. Isso não significa que a Messier 83 contenha dois buracos negros centrais, mas que seu buraco negro supermassivo único possa ser circundado por um disco de estrelas que tem uma órbita ao redor do buraco negro e cria a aparência de um núcleo duplo.

Bem como seu núcleo duplo, a Messier 83 tem abrigado algumas explosões de supernovas – seis no total que nós observamos (SN 1923A, SN 1945B, SN 1950B, SN 1957D, SN1968L e SN 1983N). Esse número é conseguido somente por outras duas galáxias, a Messier 61 que também tem seis e a NGC 6946 que encabeça a lista com nove. Além dessas explosões, quase 300 remanescentes de supernovas – a parte antiga e deixada para trás pelas estrelas que explodiram – têm sido encontradas dentro da Messier 83, detectadas usando os dados que constituem essa imagem. Essas observações estão sendo usadas para se estudar o ciclo de vida das estrelas. Além dessas velhas remanescentes, alguns 3000 aglomerados estelares foram identificados na Messier 83, alguns dos quais com idade menores que 5 milhões de anos.

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Essa imagem, que na verdade é um mosaico, usa observações feitas com a Wide Field Camera 3 do Hubble. Ela mostra a galáxia de forma completa, com linhas escuras de poeira, pedaços vermelhos de gás e brilhantes partes azuis de regiões com formação recente de estrelas espalhadas pelos braços espirais da galáxia. Embora pareça gigantesca, a Messier 83 tem apenas metade do tamanho da Via Láctea.

Essa nova imagem foi lançada hoje, 9 de Janeiro de 2014, no 223 encontro da American Astronomical Society em Washington, DC, EUA.


Fonte:

http://www.spacetelescope.org/news/heic1403/

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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