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Um Novo Telescópio De Próxima Geração Está Sendo Construído no Fundo do Mar Mediterrâneo

Os cientistas estão construindo um gigantesco telescópio de próxima geração em um local muito peculiar, no fundo do Mar Mediterrâneo. Eles não estão planejando dali observar a luz de galáxias e estrelas distantes. Ali, na escuridão e nas profundezas do oceano, eles esperam registrar os sinais de partículas cósmicas muito especiais.

O telescópio será usado para estudar os neutrino, as pequenas partículas neutras que podem viajar através de qualquer coisa sem interagir. De fato, trilhões de neutrinos passam através do seu corpo enquanto você está lendo esse post. Devido ao fato deles dificilmente interagirem, os cientistas precisam construir detectores muito espertos. O Cubic Kilometre Neutrino Telescope, ou KM3Net, é um deles.

“Os neutrinos raramente interagem, contudo, quando um neutrino atinge a água ele gera luz, que o telescópio KM3NeT será capaz de detectar”, disse o Dr. Clancy James do Curtin Institute of Radio Astronomy e do International Centre for Radio Astronomy REsearch, o ICRAR, na Austrália.

“O telescópio submerso é bombardeado por milhões de partículas diferentes mas somente os neutrinos passam através da Terra e atingem o detector por baixo, diferente dos telescópios normais, ele olha para baixo através da Terra no mesmo céu que é visto da Austrália por telescópios em Terra”. E a Curtin University acaba de aderir a esse projeto.

O KM3NeT está atualmente sendo construído em dois locais com uma potencial extensão para um terceiro local. Um está na costa da Riviera Francesa e será o principal local para estudo dos neutrinos. O outro está na costa da Itália e irá estudar os neutrinos de alta energia proveniente das explosões de supernovas, da fusão de estrelas de nêutrons e de outros fenômenos astrofísicos.

“Esse projeto irá nos ajudar a responder algumas das maiores questões sobre a física de partículas e a natureza do nosso universo, potencialmente criando uma nova era na astronomia de neutrinos”, continuou o Dr. James.

A primeira fase de construção para o telescópio envolve a colocação de 30 unidades de detecção no assoalho oceânico, cada um deles, uma linha com 18 detectores. Na escuridão do fundo do oceano, esses instrumentos podem registrar os flashes de luz produzidos pelos neutrinos que interagem com a água do mar. Apesar de ainda estar em construção, os dois locais têm unidades já instaladas e estão coletando dados. A equipe espera instalar 115 unidade de detecção na fase final de construção.

O KM3NeT não é o único telescópio de neutrino no mundo. Com uma abordagem similar, com diferente em design é o IceCube na Antártica, que usa o gelo do polo sul ao invés da água do mar do mediterrâneo para registrar os neutrinos. Os dois detectores estarão interligados, e assim serão capazes de detectar eventos de neutrinos em qualquer ponto do céu.

Fonte:

https://www.iflscience.com/space/a-new-international-telescope-is-being-built-at-the-bottom-of-the-sea/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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