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23 de dezembro de 2024

Tudo Que Você Quer E Precisa Saber Sobre a Luz Cinérea (Earthshine)

Você já reparou que as vezes você consegue ver a parte da Lua que não está iluminada com um brilho apagado? Isso é o que se chama de Earthshine ou Luz Cinérea. Historicamente, isso é chamado de “a nova Lua nos braços da velha Lua”.

Quando a Lua Crescente aparece no crepúsculo, uma estranha, porém famosa característica torna-se visível. A porção escura da Lua, a área não iluminada pelo Sol, parece brilhar.

Esse fenômeno é conhecido como earthshine, ou luz cinérea.

Os raios de luz do Sol estão refletindo na superfície da Terra e chegando até a Lua. Isso dá para o lado escuro, e não iluminado da Lua um certo brilho.

Isso é único em todo o universo, somente a nossa Lua está perto o suficiente do seu planeta, no caso, a Terra para que ela reflita de volta a nossa própria luz.

Isso ocorre porque 38% da luz do Sol que atinge a superfície da Terra, reflete de volta para o espaço, e parte dessa luz acaba chegando na superfície da Lua. Cerca de 10% dessa luz reflete na superfície da Lua, que não é muito refletiva, para criar o brilho visível, no lado da Lua que no momento está escuro.

A Lua crescente mais fina mostra o maior brilho da luz cinérea. Isso se deve à reciprocidade de fase entre a Terra e a Lua. Quando a Lua aparece mais fina vista da Terra, a Terra está praticamente cheia vista da Lua.

Do mesmo modo, a Terra aparece não iluminada, como se estivesse na sua fase nova, se vista da Lua durante a Lua Cheia.

Não se deixe enganar, a porção da Lua Crescente que é iluminada pela luz cinérea parece ser parte de uma esfera menor do que a Lua Crescente iluminada pelo Sol. Essa miragem é causada pela resposta dos nossos olhos para os diferentes níveis de luz. Isso desaparece quando observamos a Lua através de binóculos.

A luz cinérea é mais aparente entre 1 e 5 dias antes e depois da Lua Nova, quando você observará uma Lua Crescente fina no céu noturno.

Somente quando a Lua é uma Lua Crescente bem fina, sua porção sem Sol recebe o brilho da Terra Cheia. Com 4 vezes o diâmetro da Lua e 3 ½ o seu brilho, a Terra é mais de cem vezes mais brilhante do que a Lua aparece para nós, mesmo na Lua Cheia.

A melhor época do dia para ver a luz cinérea, é à noite ao entardecer.

E as melhores épocas do ano para poder ver o fenômeno é no final do inverno e no início da primavera.

As fases da Terra e da Lua são complementares. Quando a Lua está numa fase crescente bem fina, os futuros colonizadores da Lua poderão ver a Terra no céu como uma Terra Cheia. Quando a Lua estiver cheia, então a Terra estará na sua fase nova no céu lunar, e eles só poderão ver o hemisfério noturno do nosso planeta.

Como um resultado de toda a reflexão que acontece a luz da Terra na Lua Crescente chega mais tarde do que a luz do Sol. Isso quer dizer que se um dia o Sol desaparecesse de repente, a Lua Crescente desapareceria no mesmo momento, mas a luz cinérea continuaria iluminar a Lua por 3 segundos.

Antigamente, a luz cinérea era chamada de “a Lua velha nos braços da Lua nova”. Você também pode ouvir a expressão, “a Lua nova nos braços da Lua velha”. A luz cinérea é a luz do Sol que sofre um desvio. A luz do Sol nos atinge, reflete para a Lua, então reflete o suficiente até os nossos olhos de modo que possamos observar o fenômeno. É uma viagem de três caminhos, fazendo com que o brilho no lado escuro da Lua aconteça depois do que a luz direta da luz do Sol que ilumina a parte brilhante da Lua Crescente.

E por conta disso, se o Sol um dia explodir do nada, o brilho da Lua Crescente desaparece primeiro, mas a luz cinérea continua brilhando por alguns segundos, o tempo que a luz leva par ir da Terra até a Lua.

Fonte:

https://www.almanac.com/news/astronomy/astronomy/what-earthshine

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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