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Tianwen-3 A Missão Chinesa Que Irá Trazer Amostras de Marte

A busca por trazer uma amostra do Planeta Vermelho de volta à Terra ainda não tem um vencedor claro, com China, Estados Unidos e Europa na corrida. A China tem revelado detalhes sobre sua próxima missão de retorno de amostras de Marte, a Tianwen-3. Neste artigo, vamos explorar as informações divulgadas sobre essa missão e como ela se compara aos planos de retorno de amostras da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA).

Em uma apresentação na Conferência Internacional de Ciências do Espaço Profundo em Hefei, província de Anhui, no dia 22 de abril, foram mostrados os objetivos científicos da missão Tianwen-3. A apresentação incluiu referências a um pequeno helicóptero semelhante em design ao helicóptero Ingenuity da NASA, que atualmente explora a superfície de Marte. Slides da apresentação compartilhados no site de mídia social chinês Weibo mostram um drone em formato de helicóptero e um robô de seis pernas, ambos relacionados à coleta de amostras para a Tianwen-3.

Durante a apresentação, Liu Jizhong, diretor do Centro de Exploração Lunar e Espacial da China, e Hou Zengqian da Academia Chinesa de Ciências Geológicas revelaram várias informações sobre o plano da missão Tianwen-3. Segundo os slides compartilhados no Weibo, a China planeja lançar dois foguetes Longa Marcha 5 por volta de 2030 ou possivelmente em 2028, que levarão dois conjuntos de veículos a Marte. Um incluirá um veículo de pouso e um veículo de ascensão em duas etapas; o outro, um orbitador e uma nave de retorno.

O conjunto de veículos de pouso e lançamento foi projetado para pousar na superfície marciana, coletar e armazenar até 500 gramas de material e, em seguida, lançar-se de volta ao espaço. O orbitador, que aguarda pacientemente o retorno das amostras em órbita de Marte, realizará o encontro e a transferência das amostras, juntamente com a nave de retorno que armazenará as amostras para trazê-las à Terra.

O veículo de lançamento de duas etapas, com peso aproximado de 360 quilogramas, consiste em um primeiro estágio de foguete sólido e um segundo estágio com propelente líquido. Ele se encontrará e acoplará com seu companheiro orbital, com a ajuda do braço robótico do orbitador. As amostras serão transferidas para o veículo de retorno do orbitador, preparando-se para a saída da órbita de Marte e a viagem de retorno à Terra.

Os slides da apresentação indicam que a coleta de amostras na superfície pode ser realizada com uma broca e um braço robótico, coletando solos de até 2 metros de profundidade. Não está claro, a partir dos slides, se o robô de várias pernas ou o helicóptero retratado seria responsável por essa coleta de amostras.

A coleta de amostras móveis também está listada como um objetivo da missão, com critérios para possíveis locais de pouso, incluindo evidências de água líquida no passado, elevação, terreno, diversidade geológica e posicionamento latitudinal do local, otimizando a capacidade da Tianwen-3 de retornar à órbita marciana com sua amostra.

Se a missão for lançada dentro da janela de lançamento prevista pela China em 2028, o material marciano coletado pela Tianwen-3 retornaria à Terra em julho de 2031. Isso colocaria a China à frente da missão de retorno de amostras de Marte planejada pela NASA e pela ESA, que têm como meta trazer as amostras em 2033.

Entretanto, a apresentação recente sobre a Tianwen-3 não forneceu a data de lançamento esperada, incluída em divulgações anteriores sobre a missão, o que pode indicar um possível atraso nas expectativas chinesas para a missão.

A NASA e a ESA estão planejando uma missão conjunta para trazer amostras do Planeta Vermelho, com o objetivo de retornar as amostras em 2033. A missão envolve várias etapas e veículos, incluindo o rover Perseverance, que já está em Marte coletando e armazenando amostras. Essa colaboração internacional busca responder a perguntas fundamentais sobre a geologia de Marte e a possibilidade de existência de vida passada ou presente no planeta.

A corrida pelo retorno de amostras de Marte está em andamento, com a China revelando detalhes sobre sua ambiciosa missão Tianwen-3 e a colaboração entre a NASA e a ESA seguindo em paralelo. Ainda é incerto qual país ou grupo de países será o primeiro a trazer um pedaço do Planeta Vermelho de volta à Terra, mas as missões representam avanços significativos na exploração espacial e no entendimento de nosso sistema solar.

A medida que nos aproximamos das datas de lançamento e retorno das missões, as informações coletadas por essas amostras contribuirão para uma compreensão mais profunda de Marte e, possivelmente, para a busca de vida fora da Terra. Ambas as missões demonstram a importância da cooperação internacional e da inovação no campo da exploração espacial, abrindo novas possibilidades para a humanidade no cosmos.

Fonte:

https://www.space.com/china-mars-helicopter-sample-return-plans

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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