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22 de dezembro de 2024

Telescópios Do ESO Foram Fundamentais Nas Pesquisas Que Ganharam o Prêmio Nobel de Física de 2020

Reinhard Genzel e Andrea Ghez receberam conjuntamente o Prémio Nobel da Física de 2020 pelo seu trabalho sobre o buraco negro supermassivo, Sagitário A*, situado no centro da nossa galáxia. Genzel, Diretor do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, na Alemanha, e a sua equipa levaram a cabo observações de Sagitário A* durante quase 30 anos usando um conjunto de instrumentos montados em telescópios do ESO.

Genzel partilha metade do prémio com Ghez, professora na Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA, “pela descoberta de um objeto compacto supermassivo no centro da nossa galáxia,” com a outra metade do prémio a ser atribuído a Roger Penrose, professor da Universidade de Oxford, Reino Unido, “pela descoberta de que a formação de buracos negros é uma previsão robusta da teoria da relatividade geral.”

“Queremos dar os parabéns aos três laureados! Estamos muito satisfeitos pelo trabalho de investigação do buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia ter sido reconhecido com o Prémio Nobel da Física de 2020 e sentimo-nos orgulhosos por os telescópios construídos e operados pelo ESO nos seus observatórios no Chile, terem desempenhado um papel crucial nesta descoberta,” disse o Diretor Geral do ESO, Xavier Barcons. ”O trabalho realizado por Reinhard Genzel com os telescópios do ESO e por Andrea Ghez com os telescópios Keck no Havai, deu-nos uma visão sem precedentes de Sagitário A*, o que confirmou previsões da teoria da relatividade geral de Einstein.”

O ESO trabalhou em estreita colaboração com Genzel e o seu grupo durante cerca de 30 anos. Desde o início da década de 1990, Genzel e a sua equipa, em cooperação com o ESO, desenvolveram instrumentos concebidos para seguir as órbitas de estrelas na região de Sagitário A*, no centro da Via Láctea.

A campanha começou em 1992 com o instrumento SHARP montado no New Technology Telescope (NTT) no Observatório de La Silla, no Chile. Mais tarde, a equipa utilizou instrumentos extremamente sensíveis montados no Very Large Telescope (VLT) do ESO e o Interferómetro do VLT (VLTI), no Observatório do Paranal, nomeadamente NACOSINFONI e mais tarde GRAVITY, para continuar o estudo de Sagitário A*.

Em 2008, após 16 anos a seguir estrelas em órbita de Sagitário A*, a equipa  obteve a melhor evidência empírica da existência de um buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia. Tanto o grupo de Genzel como o de Ghez determinaram com precisão a órbita de uma estrela em particular, S2, que atingiu a distância mais próxima de Sagitário A* em Maio de 2018. O ESO levou a cabo uma quantidade de desenvolvimentos e atualizações de infraestruturas no Paranal para possibilitar medições precisas da posição e velocidade de S2. A equipa liderada por Genzel descobriu que a radiação emitida pela estrela perto do buraco negro se encontrava “esticada” na direção dos maiores comprimentos de onda, um efeito conhecido por desvio para o vermelho gravitacional, confirmando pela primeira vez a relatividade geral de Einstein próximo de um buraco negro supermassivo. No início deste ano, a equipa anunciou ter observado S2 “a dançar” em torno do buraco negro supermassivo, mostrando que a sua órbita tem a forma de uma roseta, um efeito chamado precessão de Schwarzschild previsto por Einstein.

Genzel e a sua equipa estão também envolvidos no desenvolvimento de instrumentos que serão instalados no Extremely Large Telescope do ESO, atualmente a ser construído no deserto chileno do Atacama, os quais permitirão investigar o meio ainda mais próximo do buraco negro supermassivo.

Fonte:

https://www.eso.org/public/brazil/news/eso2017/?lang

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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