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17 de novembro de 2024

Telescópio Spitzer da NASA Descobre Jatos Com Atraso de Tempo Ao Redor de Jovem Estrela

Os astrônomos descobriram que dois jatos assimétricos que estão sendo emitidos para longe de lados opostos de uma estrela estão experimentando um atraso: nós de gás e poeira de um dos jatos explodem quatro anos e meio depois do que idênticos nós observados no outro jato.

A descoberta, que precisou da visão infravermelha do Telescópio Espacial Spitzer da NASA está ajudando os astrônomos a entender como os jatos são produzidos ao redor de estrelas em formação, incluindo àquelas que lembram o nosso Sol quando era jovem.

“Mais estudos são necessários para determinar se outros jatos apresentam o mesmo atraso”, disse Alberto Noriega Crespo do Spitzer Science Center da NASA localizado no California Institute of Technology em Pasadena, na Califórnia, e que é co-autor do novo estudo que foi publicado na edição de 1 de Abril de 2011 do Astrophysical Journal Letters. “Agora, nós sabemos que no mínimo em um caso, esse atraso aparece, o que nos diz que algum tipo de comunicação possa estar existindo entre os jatos no momento em que eles ocorrem”.

Os jatos representam uma fase ativa na vida de uma estrela. Uma estrela começa a surgir à medida que uma nuvem de gás e poeira arredondada entra em colapso. Ejetando jatos de gás supersônicos, a nuvem reduz sua velocidade de rotação. À medida que o material cai dentro da estrela em crescimento, ela desenvolve um disco ao redor de material em rotação e jatos gêmeos são atirados abaixo e acima do disco como num peão.

Uma vez que a estrela dá a sua ignição e brilha, os jatos morrem e o disco irá se afinar. Nessa fase última, planetas podem se aglomerar a partir do material deixado para trás no disco em rotação.

A descoberta desse atraso de tempo, nos jatos chamados de Herbig-Haro 34, também levam os astrônomos a estreitar o entendimento sobre o tamanho da zona de onde os jatos se originam. As novas observações do Spitzer limitam essa zona a um círculo ao redor da jovem estrela com um raio de 3 unidades astronômicas. Uma unidade astronômica é a distância entre o Sol e a Terra. Esse raio é dez vezes menor do que o estimado anteriormente.

“Onde nós estamos hoje na Terra, foi talvez em algum momento na história um lugar muito violento onde gás e poeira em alta velocidade era ejetada do disco que circulava o nosso Sol bem novinho”, disse Alex Raga da Universidad Nacional Atónoma de México, o primeiro autor do artigo. “Se foi assim, a formação dos planetas como a Terra depende em como e quando esse fenômeno acabou. Essencialmente, cada estrela como o Sol atravessou um processo de formação de jatos similar ao do Sol”.

Um dos jatos no objeto Herbig-Haro 34 tem sido estudado exaustivamente por anos, mas o outro permaneceu escondido atrás da nuvem negra. A visão sensível ao infravermelho do Spitzer foi capaz de espiar dentro dessa nuvem, e revelar o jato obscuro ali localizado com detalhes nunca antes vistos. As imagens do Spitzer mostram que o novo jato encontrado é perfeitamente simétrico ao seu irmão gêmeo, com idênticos nós de material ejetado.

Essa simetria se transformou na chave para se descobrir sobre o atraso de tempo dos jatos. Medindo a distância exata dos nós até a estrela, a equipe de astronomia foi capaz de descobrir que para cada nó de material emitido por um jato tinha um nó similar emitido pelo outro jato na direção oposta 4.5 anos depois. Esse cálculo também depende da velocidade dos jatos, que eram conhecidos de estudos anteriores feitos pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA. Outros jatos simétricos ao Herbig-Haro 34 foram observados mais perto antes, mas não estava claro se eles estavam experimentando esse atraso de tempo.

Os astrônomos dizem que algum tipo de comunicação está ocorrendo entre os dois jatos do Herbig-Haro 34, provavelmente sendo carregada pelas ondas de som. Conhecendo o comprimento do atraso de tempo e a velocidade do som é possível calcular o tamanho máximo da zona geradora de jatos.

A equipe de astronomia está atualmente analisando outros jatos imageados pelo Spitzer, procurando por evidências de atrasos de tempo.

As observações do Spitzer foram feitas antes de seu líquido resfriado se esgotar em Maio de 2009 e então ter início a missão quente do telescópio.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2011-107&cid=release_2011-107&msource=2011107&tr=y&auid=8093462

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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