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15 de novembro de 2024

Telescópio de 4 Metros Faz A Melhor Imagem Até Hoje da Galáxia Messier 106

Essa imagem espetacular destaca a majestosa galáxia espiral Messier 106 e seus pequenos vizinhos, bem como o denso campo em segundo plano de galáxias e as estrelas em primeiro plano. Essa pode ser a melhor já feita até hoje da Messier 106 em sua totalidade, mostrando tanto o seu disco central distorcido e as regiões tênues externas da galáxia.

Esse registro celeste captura a galáxia Messier 106 também conhecida como NGC 4258. A imagem foi obtida usando o Telescópio Nicholas U. Mayall de 4 metros localizado no Observatório Nacional de Kitt Peak. A imagem mostra não somente os braços espirais brilhantes, os filamentos de gás, e as linhas de poeira no centro da galáxia, mas também as faixas de estrelas nas bordas externas.

Considerado um alvo popular para astrônomos amadores, a Messier 106 pode ser registrada por pequenos telescópios, desde que sejam apontados para a constelação de Canes Nenatici. A Messier 106 tem tamanho e luminosidade parecida com a nossa vizinha cósmica a galáxia de Andrômeda, mas está 10 vezes mais distante, mais de 20 milhões de anos-luz de distância da Terra. Apesar da galáxia medir mais de 130 mil anos-luz de uma borda até a outra, a vasta distância entre a Via Láctea e a Messier 106 ela aparece minúscula quando vista daqui.

Apesar da sua aparência tranquila, a Messier 106 tem um habitante energético incomum. O buraco negro supermassivo no centro da galáxia, que tem cerca de 40 milhões de vezes a massa do nosso Sol, é particularmente ativo. Enquanto está consumindo uma vasta quantidade de gás e poeira, o buraco negro em rotação vem distorcendo o disco de gás ao redor expelindo uma vasta quantidade de material. Esse processo tem criado os fluxos de gás vermelho e brilhante que são vistos emanando do coração da Messier 106, visível no centro dessa imagem.

Acompanhando a Messier 106, está um par de galáxias anãs que pertencem ao mesmo grupo de galáxias. A coleção de estrelas e poeira visível na parte inferior direita da imagem é uma galáxia irregular pequena conhecida como NGC 4248. Outra galáxia pequena, a UGC 7356, está localizada na parte inferior esquerda da Messier 106. A Messier 106 e suas companheiras são circundadas por uma grande variedade de objetos, desde estrelas em primeiro plano até uma vasta coleção de galáxias no fundo. As estrelas da nossa propria galáxia, são facilmente identificadas por conta da sua forma típica em cruz com padrões de difração. No fundo, galáxias distantes iluminam a imagem, algumas delas visíveis através do tênue disco da Messier 106.

Além de ser um belo objeto e que rende imagens interessantes, a Messier 106 tem sido também um belo instrumento para se medir a escala do universo. Os astrônomo medem as distâncias no universo usando uma cadeia interconectada de medidas conhecidas como escadas cósmicas, onde cada degrau da escada permiti medidas de mais objetos e de objetos mais distantes. Para calibrar essas medidas é necessário se ter objetos com brilho conhecido, como estrelas pulsantes conhecidas como variáveis Cefeidas. As medidas das Cefeidas na Messier 106  tem permitido que os astrônomos possam calibrar as Cefeitas em qualquer lugar do universo, ajudando assim a medir a distância entre outras galáxias.

Essa imagem foi uma das últimas feitas com a câmera Mosaic antes da instalação do Dark Energy Spectrocopic Instrument, ou DESI, um projeto do Escritório de Ciência do Departamento de Energia e do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley.

Fonte:

https://noirlab.edu/public/news/noirlab2112/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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