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Superflare É Detectada Em Estrela Ultrafria

Usando a Ground-based Wide Angle Cameras (GWAC) do Observatório de Xinglong, astrônomos da China e da França detectaram uma nova superflare de uma estrela ultrafria conhecida como SDSS J013333.08+003223.7. O evento recém-descoberto, designado de GWAC 181229A, parece ser uma das superflares mais poderosas já detectadas numa estrela ultrafria até o momento.

Estrelas anãs ultrafrias, ou UCDs, são objetos estelares ou subestelares de classe espectral M com uma temperatura efetiva abaixo dos 2700 K, e com massa que não excede as 0.3 vezes a massa do Sol. Em geral, elas possuem emissões cromosféricas fracas e são bem apagadas em raios-X, contudo, elas, em algumas ocasiões acabam emitindo flares em vários comprimentos de onda.

Detectar novas flares nas UCDs e estudar essas flares em detalhe é essencial para entender melhor a origem desses eventos e a interação entre os campos magnéticos e a superfície das estrelas ultrafrias. Um dos instrumentos que ajudam muito na detecção de novas flares em UCDs é o GWAC. Ele é uma das principais instalações de solo de uma missão que é planejada entre a China e a França para lançar um satélite no espaço, o chamado Space Variable Objects Monitor, ou SVOM, que terá a missão de detectar e estudar as chamadas Gamma-Ray Bursts, ou GRBs.

Agora um grupo de astrônomos relatou a descoberta de uma poderosa flare numa estrela de classe espectral M9, localizada a cerca de 471 anos-luz de distância da Terra.

De acordo com os estudos feitos, a superflare tem uma energia balométrica entre 55.6 e 92.5 deciliões de ergs, o que faz dela uma das mais poderosas flares já detectadas em estrelas ultrafrias. A intensidade magnética foi estimada num nível de 3.6 a 4.7 kG. A duração total da flare foi de 14465 segundos.

As observações mostram que a superflare saiu do zero e chegou ao pico em 50 segundos, e depois disso retornou a cair. Os pesquisadores encontraram que a temperatura de corpo negro dessa estrela é de cerca de 5340 K, sugerindo fatores de preenchimento da flare de 30 e 19 por cento no momento de pico e em 54 minutos depois da primeira detecção respectivamente.

Os pesquisadores enfatizaram a importância do instrumento GWAC para a detecção de novas flares em objetos estelares ultrafrios.

Graças ao grande campo de visão e grande cadência da pesquisa, o GWAC está bem ajustado para a detecção de flares na luz branca. Na verdade, esse instrumento já detectou mais de 130 flares na luz branca, com uma amplitude de mais de 0.8 mag. Mais unidades do GWAC estão sendo planejadas para entrar em funcionamento nos próximos 2 anos, permitindo assim o aumento da taxa de detecção de flares estelares de alta amplitude, monitorando de forma simultânea mais de 5000 graus quadrados do céu.

Fonte:

https://arxiv.org/pdf/2012.14126.pdf

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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