fbpx
17 de dezembro de 2024

Spitzer Registra Uma Nebulosa Assustadora No Universo

A pareidolia, é quando você observa algo natural, mas que acaba tendo uma semelhança com algo conhecido, por exemplo, nuvens em forma de cachorro, montanhas em forma de pessoas e por aí vai. No espaço, com tantas nebulosas, estrelas, nuvens de gases, planetas e tudo mais, a pareidolia é bem fácil de acontecer. Nesse caso, uma nuvem de gás e poeira toda esculpida se pareceu muito com a lanterna de abóbora usada no dia das bruxas.

Uma estrela massiva, conhecida como estrela do Tipo-O, e com entre 15 e 20 vezes a massa do Sol, é provavelmente a responsável por esculpir essa abóbora cósmica. Um estudo recente dessa região sugere que a poderosa radiação e as partículas emitidas pela estrela estão varrendo o gás e a poeira ao redor, criando profundos vazios nessa nuvem que é conhecida como nebulosa.

A imagem foi feita pelo Telescópio Espacial Spitzer, o Spitzer detecta a luz infravermelha, e consegue ver a estrela brilhando como se fosse uma vela no centro da abóbora. Os autores do estudo dessa nebulosa, apelidaram a estrutura de Nebulosa da Lanterna de Jack (Jack-o  é o nome da lanterna de abóbora feita durante o halloween).

Os objetos no universo emitem luz infravermelha, uma radiação que está relacionada com o calor, isso quer dizer que quanto mais quente um objeto mais radiação infravermelha ele emite.

Os comprimentos de onda da luz infravermelha são invisíveis ao olho humano, por esse motivo não conseguimos observar todas as cores mostradas na imagem da nebulosa aqui. A cor verde e vermelha representa a luz emitida primariamente pela poeira irradiando em diferentes temperaturas, embora algumas estrelas irradiam de forma predominante nesses mesmos comprimentos de onda. A combinação de verde e vermelho na imagem cria tonalidades amareladas. A cor azul representa um comprimento de onda emitido principalmente, nessa imagem, por estrelas e algumas regiões muito quente da nebulosa, enquanto as regiões em branco indicam onde os objetos são brilhantes em todas as cores. A estrela do Tipo-O aparece como um ponto branco no centro da concha de poeira vermelha perto do centro da região esculpida.

Uma versão de grande contraste dessa mesma imagem faz o comprimento de onda vermelho ser mais pronunciado. Juntos, os comprimentos de onda verde e vermelho criam uma tonalidade laranja. A imagem destaca os contornos na poeira, bem como as regiões mais densas da nebulosa que aparecem mais brilhantes.

O estudo que produziu essas observações aparece no Astrophysical Journal e examina uma região na parte externa da Via Láctea. Os pesquisadores usaram a luz infravermelha para contar as estrelas mais jovens em diferentes estágios de desenvolvimento nessa região. Eles também contaram as protoestrelas, estrelas na infância que ainda estão envoltas em densas nuvens de poeira onde elas nasceram. Quando combinadas com as estrelas adultas nessas regiões, esses dados ajudarão os astrônomos a determinar se as taxas de produção de estrelas e planetas nas partes externas da galáxia diferem das taxas encontradas nas regiões intermediárias e mais internas.

Os cientistas já sabem que as condições diferem um pouco nas áreas externas. Por exemplo, as nuvens de gás e poeira interestelar são mais frias e mais esparsamente distribuídas do que aquelas nas regiões mais próximas do centro da galáxia, que pode reduzir a taxa de formação de estrelas. As nuvens de formação de estrelas nas áreas mais externas também contêm quantidades menores de elementos químicos pesados, incluindo o carbono, o oxigênio e outros ingredientes importantes para a vida como conhecemos. Eventualmente, mais estudos como esse podem também determinar se planetas similares em composição com a Terra são mais ou menos comuns nas regiões externas da galáxia do que na região intermediária e interna.

Os dados usados para criar essa imagem foram coletados durante a chamada Missão Fria do Spitzer entre 2004 e 2009.

Para mais informação do Spitzer, visite:

https://www.nasa.gov/mission_pages/spitzer/main/index.html

Fonte:

https://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?feature=7528

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo