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Sonda Voyager 1 Envia Sinais Estranhos de Telemetria – Nunca É Tarde Para Um Mistério!!!

A equipe de engenheiros que trabalha com a sonda Voyager 1 da NASA está tentando resolver um mistério, a sonda interestelar está operando normalmente, recebendo e executando comandos enviados da Terra, e está também retornando dados científicos, mas as leituras feitas do chamado AACS, o sistema de controle de atitude da Voyager 1 não reflete o que está acontecendo de verdade a bordo.

O AACS controla a orientação da sonda no espaço. Entre outras tarefas ele é responsa’vel por manter a antena de alto ganho da Voyager 1 apontada precisamente para a Terra, permitindo que ela continue enviando dados para nós. Todos os sinais sugerem que o AACS ainda está funcionando, mas os dados de telemetria que estão sendo enviados são inválidos. Por exemplo, o dado parece ser gerado aleatoriamente ou não reflete qualquer possível estado atual do AACS.

Esse problema não disparou nenhum sistema de proteção de falha da Voyager 1, sistemas esses que foram desenhados para colocar a sonda em modo de segurança, um estado onde somente as operações essenciais são mantidas, dando assim aos engenheiros, tempo e oportunidade de diagnosticar o problema. O sinal da Voyager 1 não enfraqueceu, o que sugere que a antena de alto ganho ainda continua precisamente apontada para a Terra.

A equipe irá continuar monitorando o sinal à medida que eles continuam determinando se os dados inválidos estão vindo diretamente do AACS ou de outro sistema envolvido na geração e no envio dos dados de telemetria. Até que a natureza desse problema seja melhor entendida, a equipe não pode antecipar se isso pode afetar por quanto tempo a sonda pode coletar e transmitir dados científicos.

A Voyager 1 está atualmente a 23.3 bilhões de quil6oemtros da Terra, e a luz leva 20 horas e 33 minutos para viajar da sonda até o nosso planeta. Isso quer dizer que são necessários 2 dias para enviar uma mensagem para a Voyager 1 e depois ter a resposta que tudo deu certo, isso não é problema, pois a equipe que trabalha com a Voyager 1 já está acostumada com esse delay.

Vale lembrar sempre que a Voyager 1 está a 45 anos navegando pelo espaço, o que é muito além da missão originalmente planejada, ela se encontra no espaço interestelar um ambiente dominada pela alta radiação onde essa sonda nunca passou antes, ou seja, existem grandes desafios para todos nesse momento. Mas lógico que se existir uma maneira de resolver o problema com o AACS essa maneira será encontrada.

Pode ser que a equipe não encontre a fonte do problema e acabe se adaptando a viver com ele. Se por acaso for encontrada a fonte do problema, os engenheiros podem resolver mudando o software ou usando sistemas redundantes da Voyager 1.

Essa não é a primeira vez que a Voyager 1 passa por um problema e que pode acionar o seu sistema de backup. Em 2017, os foguetes primários da Voyager 1 mostraram sinais de degradação, então os engenheiros trocaram para outro conjunto de propulsores que tinham sido usados durante os encontros planetários feitos pela sonda. Esses propulsores trabalharam bem, apesar de nunca terem sido acionados por 37 anos.

A irmã gêmea da Voyager 1, a Voyager 2 está operando normalmente e se encontra a nada mais nada menos que 19.5 bilhões de quilômetros da Terra.

Lançadas em 1977, ambas as sondas Voyagers, estão operando a muito mais tempo do que o planejado para a missão, e são as únicas sondas até o momento a coletarem dados do chamado espaço interestelar. A informação enviada por elas dessa região tem ajudado a entender mais profundamente sobre a heliosfera, a barreira difusa que o Sol cria ao redor dos planetas no nosso Sistema Solar.

Cada sonda produz cerca de 4 watts de energia elétrica por ano, limitando assim o número de sistemas que podem funcionar. A equipe de engenharia da missão desligou vários subsistemas e aquecedores para reservar potência para instrumentos científicos e sistemas críticos de funcionamento das sondas. Nenhum instrumento científico foi desligado até o momento e a equipe da Voyager está trabalhando para manter as duas naves espaciais operando e retornando dados científicos até além de 2025.

Enquanto os engenheiros continuam trabalhando para resolver o mistério que a Voyager 1 apresentou, os cientistas da missão continuarão a aproveitar ao máximo os dados provenientes da sonda, que se encontra em um ponto único para a exploração espacial.

Fonte:

https://www.jpl.nasa.gov/news/engineers-investigating-nasas-voyager-1-telemetry-data

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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