Em um estudo publicado online na edição da revista Nature, 18 cavidades quase circulares foram identificadas no hemisfério norte do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. As cavidades tem de dezenas a centenas de metros de diâmetro e se estendem a mais de 210 metros abaixo da superfície do cometa. Essas cavidades são ativas e provavelmente criadas por um processo de sumidouro, possivelmente acompanhado por explosões.
A sonda Rosetta da ESA tem monitorado a atividade do cometa por mais de um ano, observando como seu halo de poeira e gás cresce à medida que o cometa se move para perto do Sol ao longo de sua órbita.
De uma distância de apenas centenas de quilômetros, a sonda observa um intrigante padrão de jatos de poeira sendo emitidos do núcleo enquanto eles são ejetados para o espaço.
Mas agora, graças a imagens de alta resolução da câmera de ângulo restrito da sonda, a Optical Spectroscopic and Infrared Remote Imaging System (OSIRIS), feitas de uma distância entre 10 a 30 km do centro do cometa, alguns desses jatos puderam ser rastreados de volta à superfície do cometa, chegando até a sua fonte, é a primeira vez que isso é feito e observado.
“Essas estranhas cavidades circulares são tão profundas quanto largas. E a Rosetta é capaz de observar dentro delas”, disse o Dr. Dennis Bdewits, coautor do estudo da Universidade de Maryland.
“Nós observamos jatos nascendo de áreas fraturadas das paredes dentro das cavidades. Essas fraturas significam que elementos voláteis presos na subsuperfície podem ser aquecidos mais facilmente e subsequentemente escapam para o espaço”, adicionou o principal autor do estudo , o Dr. Jean-Baptiste Vincent do Max Planck Institute for Solar System Research, na Alemanha.
“Nós propusemos que eles são sumidouros, formados por um processo de colapso de superfície, muito similar aos sumidouros formados na Terra”, disse o Dr. Bodewits.
Os sumidouros acontecem no nosso planeta, quando a erosão da subsuperfície remove uma grande quantidade de material abaixo da superfície, criando uma caverna. Eventualmente, parte da caverna irá colapsar devido ao seu próprio peso deixando um sumidouro para trás.
“Assim, nós já temos uma biblioteca de informações, que nos ajudam a entender como esse processo trabalha, o que nos permite usar essas cavidades para estudar o que se localiza abaixo da superfície do cometa”, disse o Dr. Bodewits.
Inicialmente, os cientistas da missão Rosetta suspeitam que eventos explosivos discretos podem ser responsáveis para criar essas cavidades profundas.
A sonda observou uma explosão durante sua aproximação ao cometa em Abril de 2014. Registrando esse evento permitiu aos cientistas que pudessem quantificar quanto de material foi ejetado (entre 1000 kg e 100000 kg), e rapidamente tornou-se óbvio que os números não se comparam. As explosões sozinhas, não poderiam explicar a formação dessas gigantescas cavidades.
“A quantidade de material da explosão era grande – cerca de 100000 kg – mas isso é pequeno se comparado ao tamanho do cometa e poderia somente explicar um buraco de poucos metros de diâmetro. As cavidades que nós observamos são muito maiores. Parece que as explosões não são os processos principais, mais sim uma das consequências”, disse o Dr. Bodewist.
Com base nas observações feitas pela Rosetta, os cientistas também propuseram um modelo para a formação desses sumidouros.
“Nós estamos muito interessados em ver como essas cavidades ativas se desenvolvem e talvez nós até mesmo podemos estar testemunhando a formação de uma nova cavidade. Sendo capaz de observar mudanças no cometa, em particular, linkando a atividade a feições na superfície, é uma capacidade fundamental da Rosetta e nos ajudará a entender como o interior do cometa e a superfície se desenvolveram desde a sua formação”, disse o Dr. Matt Taylor, um cientista para o projeto da Rosetta.
“E com a extensão da missão até Setembro de 2016, nós podemos fazer um trabalho melhor, revelando como os cometas funcionam”.
Fonte:
http://www.sci-news.com/space/science-rosetta-active-pits-comet-02975.html