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Sonda Mars Express Revela Os Segredos Da Cadeia De Montanha Nereidum Em Marte

Imagens recém-processadas, adquiridas pela sonda Mars Express da ESA revelaram detalhes dos processos geológicos que formaram a cadeia de montanha conhecida como Nereidum Moutain Range localizada no hemisfério sul de Marte, no decorrer de bilhões de anos.

As imagens em cor verdadeira, capturadas pela High Resolution Stereo Camera, ou HRSC, em 2015, mostraram a superfície da região norte da bacia de impacto Argyre, uma das maiores estruturas de impacto de Marte com uma resolução de 15 metros por pixel.

A cadeia de montanhas Nereidum se espalha por mais de 1100 km e forma o anel norte da bacia de impacto Argyre. A cadeia surgiu junto com a bacia quando um asteroide ou um cometa, com cerca de 50 km de diâmetro se chocou com a região, a cerca de 4 bilhões de anos atrás.

Na imagem de cor verdadeira é possível ver a estrutura em forma de braços de vales cavados dentro do talude, tanto por meio do derretimento de neve e gelo, ou pela chuva que caiu na região no início da vida do planeta Marte, quando ele possuía abundantes recursos hídricos.

Dentro das crateras na imagem, é possível ver depósitos, em alguns casos concêntricos, provavelmente criados pela sublimação do gelo que normalmente cobria a região no passado. Os cientistas acreditam que o gelo de água pode ainda estar presente na região, mas na subsuperfície.

Depósitos de perda de massa são claramente visíveis nos cânions capturados nessa imagem e são também um resultado dos processos glaciais que aconteceram em Marte no seu passado.

A faixa marrom escura na parte esquerda da imagem representa campos de dunas criados pelo efeito do vento à medida que ele transporta grãos de areia por longas distâncias na superfície de Marte. No talude da face norte da cadeia entre a parte norte do campo de dunas e a grande cratera preenchida no sul, é possível ver claramente alcovas e os famosos gullies (barrancos) criados recentemente. Essas estruturas estão normalmente ligadas ao derretimento do gelo no solo e poderiam também apontar para depósitos de gelo de água ainda existentes em subsuperfície.

A renderização tridimensional mostra uma seção da imagem capturando o compo de dunas e duas grandes crateras, e o cânion entre elas visto de oeste. A renderização foi gerada pela combinação de dados do Mars Digital Terrain Model, DTM, o canal nadir (que olha diretamente para baixo da câmera da Mars Express) e os canais coloridos do instrumento HRSC.

A imagem estereoscópica fornece uma experiência tridimensional quando é vista usando os famosos óculos com lentes coloridas azul e vermelha. A imagem foi derivada dos dados adquiridos pelo canal nadir e pelos canais estéreos da câmera HRSC a bordo da Mars Express.

A visão que é colorida pela topografia é baseada no Modelo Digital de Terreno, o DTM da região, de onde a topografia da paisagem pode ser derivada. Como Marte não tem nível do mar, as variações topográficas estão relacionadas ao que se chama de superfície equipotencial, ou o Areoide.

A imagem final é a imagem de referência e mostra a localização da região imageada com respeito à geografia mais geral da Bacia de Impacto Argyre. Cerca de 370 km para sudeste está a grande Cratera Hooke. A Cratera Sumgin está ao norte. A imagem está centrada ao redor de 312 graus E e 5 graus S, e foi adquirida durante a órbita de número 14709 da sonda Mars Express.

O instrumento HRSC foi desenvolvido e é operado pela German Aerospace Center DLR e foi lançado a bordo da sonda Mars Express da ESA em junho de 2003. Essa câmera vem imageando a superfície marciana desde o final de 2003.

Fonte:

[https://www.esa.int/Science\_Exploration/Space\_Science/Mars\_Express/Mars\_Express\_reveals\_processes\_shaping\_the\_Nereidum\_range]

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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