Pedaços de rochas são encontrados quase que por toda a parte na Lua, e as imagens detalhadas feitas pela câmera NAC da sonda LRO permitem que os cientistas estudem esses pedaços de rochas em detalhe. Mas por que alguém gostaria de gastar parte do seu tempo observando esses pedaços de rochas? Os pedaços de rochas representam produtos da erosão que a Lua sofreu e podem ser usados para ajudar na interpretação das feições geológicas derivando assim a história geológica de determinada região na Lua. Atualmente na Lua, a erosão ocorre devido ao bombardeamento de micro meteoritos que o satélite sofre. Por exemplo, a presença de pedaços de rocha ao redor de uma cratera com 100 metros de diâmetro no mar sugere que quando a cratera se formou, o projétil que se chocou com a Lua escavou o embasamento. De maneira similar, os pedaços de rochas assentados nas cristas das cadeias de dobramento e nas paredes dos canais sinuosos representam o embasamento que é erodido fora dessas feições com o passar do tempo. Talvez, a densidade ou frequência dos pedaços de rochas nas cristas das cadeias de dobramento podem ser usadas para determinar as idades relativas entre as feições observadas nessa região. Contudo, devido ao fato da erosão poder ser controlada pelo tipo de rocha e pelo grau de faturamento ou deformação das rochas, os cientistas precisam interpretar com cuidado suas observações sobre as populações de pedaços de rochas.
A imagem aqui apresentada destaca os pedaços de rochas assentados na crista de uma fratura linear no interior de uma parede dentro do anel de pico central da Bacia Schröndiger, localizada nas coordenadas, 73.22?, 133.82?E. Muitos dos pedaços de rochas aqui observados tem entre 5 e 10 metros de diâmetro, embora alguns sejam ainda menores, mas próximo do lado direito da imagem, os pedaços de rochas são muito maiores entre 20 e 30 metros comparados com outros aglomerados de pedaços de rochas. Por que existe essa aparente discrepância? Para responder a essa pergunta, é preciso considerar algumas coisas. Primeiro, nós precisamos determinar se os pedaços de rocha se originaram da crista, ou foram derivados de algum impacto. Observando a imagem NAC (acima) existe uma cratera de idade Eratostesiana com aproximadamente 7 quilômetros de diâmetro, aproximadamente a 30 quilômetros a norte das fraturas. Contudo, enquanto existem pedaços de rochas com aproximadamente 30 metros localizados nos aglomerados ao redor da cratera, a cobertura de material ejetado continua para uma cratera geralmente é confinada a uma distância igual ao diâmetro da cratera. Como as fraturas aparecem a uma distância muito maior que 7 km da cratera, os pedaços de rochas na crista da parede da fratura são provavelmente derivadas dessa cratera. E o que dizer das outras crateras próximas? Enquanto existem algumas crateras próximas, para confirmar isso basta olhar a imagem WAC abaixo, nenhuma delas é particularmente nova ou sem pedaços de rochas. Com base nessas observações, os pedaços de rochas provavelmente se originaram in-situ como um resultado da erosão. Assim, a aparente discrepância nos tamanhos dos pedaços de rochas ao longo da crista pode estar relacionada com a deformação da rocha durante a formação de fraturas e devido a inundação do mar de Schrödinger. Agora, como nós não temos uma resposta definitiva, esse tópico pode ser examinado mais tarde, pois nós necessitaremos de completar uma pesquisa sobre o tamanho dos pedaços de rochas e a sua distribuição ao longo do comprimento das fraturas. Mesmo assim, nós não seríamos capazes de explicar por que alguns grupos de pedaços de rochas contêm pedaços com tamanhos maiores.
Agora, que nós temos pelo menos uma evidência que sugere que os pedaços de rochas estão provavelmente relacionados com a erosão da crista da parede de fratura, nós precisamos tentar explicar as porções suavizadas da crista. Na imagem aberta, existem aglomerados de pedaços de rochas separados por áreas suaves. O que seria essa área suave? Regolito, o solo da Lua, é gerado por impactos, grandes e pequenos, e que com o passar dos anos se acumulam na superfície da Lua. Quando uma superfície é coberta inteiramente pelo regolito, ela parece suave e algumas vezes tem uma aparência com textura. Assim, essas regiões suaves são acumulações de regolito na parede da crista e também ao longo das paredes da fratura. Mas então, por que a crista não é totalmente suave, ou toda repleta de pedaços de rochas? A iluminação e onde as sombras localizam-se ao longo da cadeia da crista pode ser uma pista. Essas áreas suaves têm sombras que não estão alinhadas com as porções de pedaços de rochas da crista e parecem que elas podem ser mais baixas topograficamente do que as partes repletas de pedaços de rochas, ou podem ser menos íngremes do que as partes da crista onde os pedaços de rochas estão localizados. Novamente, observando um pouco a imagem NAC, pode ajudar, também, pois na imagem completa, existe outra região suave que está associada com mudanças óbvias na topografia e no talude ao longo da crista. Se nós assumimos que as regiões mais suaves possuem um talude mais raso na crista, nós podemos ter uma resposta: os pedaços de rochas provavelmente se formaram ao longo dos taludes íngremes das cristas onde os taludes se quebram e se tornam mais íngremes ainda, aqui ao longo da fratura na parede da crista, ou ao longo das cadeias de dobramento. Essa é a única explicação que pode ser dada com base no visual, mas nós realmente devemos gastar um tempo a mais medindo os taludes no modelo digital de terreno derivado da imagem NAC para se ter certeza que nós estamos no caminho certo de interpretar essa região da Lua.
Fonte:
http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/465-Perched-boulders.html