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Sonda LRO da NASA Cria O Mais Preciso Mapa Topográfico da Lua Até Hoje

A sonda da NASA Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) está permitindo aos pesquisadores criarem o mais preciso e completo mapa até o momento da complexa e repleta de crateras paisagem lunar.

“Essa base de dados está sendo usada para fazer os mapas digitais de elevação e terreno que serão fundamentais como referência para futuras missões de exploração científica e humana na Lua”, disse o Dr. Gregory Neumann do Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Md. “Após quase um ano coletando dados, nós já temos aproximadamente 3 bilhões de pontos identificados pelo Lunar Orbiter Laser Altimeter que viaja a bordo da sonda LRO, com uma cobertura longitudinal praticamente uniforme. N’os esperamos continuar a fazer medidas nessa taxa pelos próximos dois anos de da fase científica da missão e além. Próximo aos pólos nós esperamos fornecer uma capacidade de navegação semelhante a de GPS na Terra pelo fato da cobertura ser muito mais densa graças a órbita polar da sonda”. Os resultados estão sendo apresentados hoje, dia 17 de Dezembro de 2010 na reunião da American Geophysical Union que acontece em San Francisco.

O Lunar Orbiter Laser Altimeter (LOLA) trabalha pela propagação de um pulso laser através de um instrumento chamado de Diffractive Optical Element que reparte esse pulso em cinco feixes. Esses feixes então chegam até a Lua e são refletidos de volta. Com o pulso que retorna, os componentes eletrônicos do LOLA determinam o tempo de vôo, considerando a velocidade da luz, fornecendo assim uma medida precisa do intervalo entre a sonda e a superfície lunar. Medidas do intervalo, combinadas com o preciso rastreamento da posição da sonda, são usados para construir um mapa que revela os contornos das paisagens lunares. Os cinco feixes criam um ponto com padrão bidimensional que revela os mergulhos das estruturas. O LOLA também medirá a dispersão do pulso que retorna dando uma idéia da rugosidade da superfície  e as diferenças entre a energia do pulso transmitido e do pulso que retorna fornece uma boa medida da refletância da superfície lunar.

Os novos mapas produzidos pelo LOLA são mais precisos e amostram mais locais na superfície lunar do que os mapas anteriores disponíveis. “Os erros de posição dos mosaicos de imagens do lado escuro da Lua, onde o rastreamento direto da sonda – o mais preciso – é indisponível, têm sido de aproximadamente 10 quilômetros”, disse Neumann. “Nós reduzimos esse erro para o nível de 30 metros ou menos espacialmente e para um metro verticalmente. Nos pólos, onde a iluminação raramente fornece mais do que uma espiada da topografia abaixo dos picos das crateras, nós descobrimos erros horizontais sistemáticos de centenas de metros”. Em termos de cobertura, as aproximadamente três bilhões de medidas feitas pela LRO nem se comparam com as oito ou nove milhões de medidas feitas na Lua pelas três missões anteriores. “As missões anteriores tinham uma limitação de só poder fazer medidas que estivessem separadas por 2 quilômetros, as nossas medidas são separadas por 57 metros divididas em cinco faixas adjacentes que dão uma separação final de 15 metros entre as medidas”.

“Artigos recentes esclareceram certos aspectos dos processos lunares usando como base os mapas topográficos mais precisos fornecidos pelo LOLA”, adiciona Neumann, “entre eles estão a densidade de crateras na Lua e a geração de nova superfície por impactos ou a formação de bacias com múltiplos anéis”.

“Os dados do LOLA também nos permite a definir o atual e o histórico ambiente de iluminação na Lua”, disse Neumann. A história da iluminação lunar é importante para descobrir áreas que ficaram escondidas nas sombras por muito tempo. Esses locais normalmente no fundo das crateras próximo aos pólos lunares agem como um refrigerador natural e são capazes de acumular e preservar material volátil como o gelo de água.

A paisagem nas crateras lunares é misteriosa pois suas profundezas estão freqüentemente escondidas nas trevas. O novo banco de dados do LOLA está iluminando detalhes  das suas topografias pela primeira vez. “Até a LRO e a recente sonda japonesa Kaguya nós não tínhamos idéia como eram os taludes extremos das crateras polares”, disse Neumann. “Agora nós descobrimos taludes de 36 graus por alguns quilômetros na cratera Shckleton, por exemplo, o que faria sua travessia uma tarefa muito complicada e provavelmente provocaria enormes avalanches. As medidas do LOLA dos taludes das crateras polares escondidas nas sombras e a rugosidade de suas superfícies fornecem detalhes que vão desde o tamanho de uma pequena nave até alguns quilômetros. Essas medidas estão ajudando os cientistas da LRO a modelar o ambiente térmico dessas crateras, e com isso os membros da equipe podem gerar mapas da temperatura delas”.

A sonda LRO e o instrumento LOLA foram construídos e são administrados pelo Goddard da NASA. A pesquisa foi financiada pelo Exploration Systems Mission Directorate da NASA na sede da agencia em Washington.


Fonte:

http://www.nasa.gov/mission_pages/LRO/news/lola-topo-map.html

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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