fbpx
21 de dezembro de 2024

Sonda Juno Faz Primeiras Imagens do Polo Norte da Lua Ganimedes de Júpiter

Quando a sonda Juno, em 26 de dezembro de 2019, se preparava para fazer mais um sobrevoo sobre o planeta Júpiter, ela pôde sobrevoar as proximidades do ponto norte do nono maior objeto do nosso Sistema Solar, o satélite Ganimedes. As imagens coletadas pelo instrumento conhecido como Jovian Infrared Auroral Mapper, ou JIRAM, representam o primeiro mapeamento em infravermelho feito do polo norte do satélite.

O único satélite natural do Sistema Solar, ou lua, como queira falar, que é maior que o planeta Mercúrio, Ganimedes é formado primariamente de gelo de água. A sua composição possui listras fundamentais para o entendimento dos outros 79 satélite Jovianos, desde a época das suas formações até os dias de hoje.

Ganimedes é também o único satélite no Sistema Solar que tem o seu próprio campo magnético. Na Terra, o campo magnético fornece um caminho para que o plasma, ou seja, as partículas carregadas vindas do Sol, entrem na nossa atmosfera e criem as auroras. Como Ganimedes não tem atmosfera para impedir o progresso, a superfície das suas regiões polares está sendo constantemente bombardeada pelo plasma não do Sol, mas sim da gigantesca magnetosfera de Júpiter. Esse bombardeamento tem um grande efeito no gelo de Ganimedes.

Os dados do JIRAM mostram que o gelo tanto no polo norte de Ganimedes, como nas regiões ao redor do polo norte, tem sido modificado pela precipitação de plasma. Esse é um fenômeno que nós estamos aprendendo pela primeira vez com a Juno, pois só com ela conseguimos observar pela primeira vez, de forma completa o polo norte de Ganimedes.

O gelo perto dos dois polos do satélite é amorfo. Isso acontece por conta das partículas carregadas que seguem as linhas de campo magnético para os polos, onde elas então, impactam, enfraquecendo o gelo ali localizado, isso faz com que esse gelo não possa ter uma estrutura organizada, ou cristalina. De fato, as moléculas de água congelada detectadas em ambos os polos não possuem um arranjamento ordenado, e o gelo amorfo tem uma assinatura diferente no infravermelho do que o gelo cristalino encontrado na região equatorial de Ganimedes.

Esses dados são outro exemplo da grande ciência que a sonda Juno é capaz de entregar quando observa os satélites de Júpiter, embora essa não seja a sua missão principal.

O JIRAM foi desenhado para capturar a luz infravermelha que emerge das profundezas de Júpiter, fazendo com que seja possível estudar o que acontece entre 50 e 70 km abaixo do topo das nuvens de Júpiter. Mas o instrumento pode também ser usado para estudar as luas Io, Europa, Ganimedes e Calisto, as chamadas luas Galileanas, que foram descobertas por Galileu Galilei.

Sabendo então que o polo norte de Ganimedes estaria dentro do campo de visão da Juno no sobrevoo de 26 de dezembro de 2019, a equipe da missão programou o JIRAM para observar a superfície do satélite. No momento da maior aproximação, a sonda Juno passou a cerca de 100 mil km de Ganimedes, e o JIRAM coletou  300 imagens no infravermelho da sua superfície, com uma resolução espacial de 23 km/pixel.

Os segredos da maior lua de Júpiter revelados pela Juno e pelo JIRAM irão beneficiar a próxima missão destinada a estudar as luas congeladas de Júpiter. A missão da ESA conhecida como Jupiter ICy monos Explorer, ou JUICE, está programada para começar uma missão de 3 anos e meio explorando a gigante magnetosfera de Júpiter, sua turbulenta atmosfera e as luas congeladas do planeta, Ganimedes, Calisto e Europa, em 2030. A NASA participa também dessa missão, foi a agência norte-americana que forneceu o instrumento conhecido como Ultraviolet Spectrograph Instrument, além dos subsistemas e dos componentes de dois outros instrumentos, o Particle Environmental Package e o Radar for Icy Moon Exploration Experiment.

O Jet Propulsion Laboratory da NASA, uma divisão do Caltech, em Pasadena, na Califórnia, gerencia a missão Juno para o seu principal pesquisador, Scott Bolton do Southwest Research Institute em San Antonio. A Juno é parte do programa da NASA, conhecido como New Frontiers Program, que é gerenciado no Marshall Space Flight Gente da NASA em Hunstsville, no alabama, para o Science Mission Directorate da agência em Washington. A Agência Espacial Italiana, contribuiu no Jovian Infrared Auroral Mapper. A empresa Lockheed Martin em Denver, no Colorado construiu e opera a sonda.

Para mais informações sobre a missão Juno, acesse:

https://www.nasa.gov/juno

https://www.missionjuno.swri.edu

Para mais informações sobre Júpiter, acesse:

https://www.nasa.gov/jupiter

E você pode também seguir a missão no Twitter e no Facebook:

https://www.facebook.com/NASAJuno

https://www.twitter.com/NASAJuno

Fonte:

https://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?feature=7711

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo