A segunda sonda indiana para a Lua, que irá tentar pousar de forma suave e tranquila perto do polo sul do nosso satélite natural, está se libertando da gravidade da Terra. A Chandrayaan-2 que consiste de um módulo orbitador, um lander, e um rover, e que foi lançada no dia 22 de Julho de 2019, desde o espaçoporto de Sriharikota está a caminho da Lua.
Depois do lançamento, a sonda entrou numa órbita altamente elíptica ao redor da Terra. Múltiplas manobras para elevar a órbita da sonda foram feitas para que ela ganhe altitude até que a força gravitacional da Terra se torne muito fraca e a influência da Lua comece a agir. A terceira dessas manobras foi feita pela ISRO.
De acordo com a agência espacial indiana, a terceira manobra para elevar a órbita da Chandrayann-2 foi realizada com sucesso no dia 29 de Julho de 2019, às 15:12, hora da Índia, usando o sistema de propulsão a bordo da sonda, que queimou durante 989 segundos. Com isso a sonda atingiu uma órbita de 276 x 71792 km. Todos os parâmetros da sonda estão normais. A quarta manobra de elevação de órbita da sonda irá acontecer no dia 2 de Agosto de 2019, entre as 14:00 e as 15:00 hora da Índia.
Se tudo correr bem, a Chandrayaan-2 em breve entrará na órbita trans-lunar e pousará na Lua no dia 7 de Setembro de 2019.
Os instrumentos a bordo da sonda irão estudar a topografia da Lua, a sua composição química, e irão mapear a abundância de água na Lua, especialmente na região polar. A sonda antecessora da Chandrayaan-2, a Chandrayaan-1 lançada em 2008, foi a sonda que confirmou a presença de água na Lua.
A Lua é posicionada de modo que algumas de suas partes nas regiões polares sempre estão na sombra. A sonda Chandrayaan-1 também forneceu evidências de gelo presente nas crateras do polo sul lunar. Locais como esses permitem que a água congele e permaneça congelada. Com base nisso, a Chandrayaan-2 irá pousar num, digamos, planalto entre as crateras Manzinus C e Simpelius N no hemisfério sul da Lua. Embora a evidência de água na Lua não seja algo tão novo assim, o polo sul do nosso satélite é um local inédito para pouso.
Se a Chandrayaan-2 realizar com sucesso a sua missão, a Índia se tornará o quarto país a pousar na Lua, se juntando ao seleto grupo composto por EUA, China, União Soviética (Rússia). Recentemente Israel tentou pousar uma sonda na Lua, mas não conseguiu realizar a missão com sucesso.
Em breve, a sonda irá entrar na fase da sua viagem chamada de Lunar Bound Phase, onde seu sistema de propulsão entrará em operação, para reduzir a velocidade da sonda e colocar ela numa órbita ao redor da Lua. No dia 43, o lander, chamado de Vikram, irá se separar do módulo orbitador a uma distância de 100 km da Lua.
O lander irá então tentar fazer o pouso suave como é chamado, usando um complexo sistema de frenagem. Poucos metros acima do terreno lunar, todos os motores serão desligados para permitir a queda livre do lander. Esse tipo de pouso irá permitir que a superfície da Lua não seja perturbada e a poeira não será removida, essa poeira pode entrar dentro da nave e atrapalhar seus sistemas elétricos.
Uma vez firme em solo lunar, o lander irá então liberar o seu rover, chamado de Pragyaan, que irá realizar análises químicas na Lua. A bordo do Pragyaan existe um conjunto de instrumentos espectroscópicos que irão atirar laser em diferentes locais da superfície lunar para analisar a composição química. O rover irá primeiramente pesquisar pelos maiores formadores de rocha na Lua, como o sódio, o magnésio e o ferro. O módulo orbitador carrega um grande número de instrumentos e é também responsável por adquirir um grande número de informações. Estudos como um mapeamento 3D da superfície lunar, o monitoramento da radiação solar e a análise da ionosfera da Lua, são cruciais para entender a evolução do nosso satélite.
A Chandrayaan-2 não somente irá ajudar a entender a Lua de forma melhor, mas também irá ajudar no planejamento das próximas missões tripuladas para a Lua a bordo do projeto Artemis em 2024.
Fonte:
https://earthsky.org/space/chandrayaan-2-isro-india-moon-mission