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22 de dezembro de 2024

Sonda da NASA Está Alcançando a Fronteira do Sistema Solar e Vê o Vento Solar Reduzir Drasticamente

A odisseia de 33 anos da sonda da NASA Voyager 1 está alcançando o ponto mais distante na fronteira do sistema solar, um lugar onde até o momento ninguém nem nada esteve, e onde a sonda detectou a ausência de movimentos do vento solar.

Agora indo em direção ao espaço interestelar, a aproximadamente 17.4 bilhões de quilômetros do Sol, a Voyager 1 está cruzando uma área onde a velocidade do gás quente ionizado, ou do plasma emanado diretamente do Sol está se aproximando de zero. Os cientistas suspeitam que o vento solar ganha outras direções devido à pressão causada pelo vento interestelar nas regiões entre as estrelas.

O evento é um enorme marco na passagem da Voyager 1 através da concha mais externa e turbulenta da heliosfera, a bolha de influência do Sol, ao passar por esse ponto a sonda está deixando oficialmente o Sistema Solar.

“O vento solar está fazendo a curva”, disse Ed Stone, cientista de projeto da Voyager, baseado no California Institute of Technology em Pasadena na Califórnia. “A Voyager 1 está cada vez mais perto do espaço interestelar”.

O nosso Sol emite um jato de partículas carregadas que formam uma bolha conhecida como heliosfera ao redor do Sistema Solar. O vento solar viaja a velocidades supersônicas até cruzar a onda de choque chamada de choque terminal. Nesse ponto o vento solar tem sua velocidade reduzida de forma drástica e assim se atinge a concha mais externa da heliosfera.

Lançada em 5 de Setembro de 1977, a Voyager 1 cruzou o choque terminal em Dezembro de 2004 e entrou nessa zona mais externa da heliosfera. Os cientistas tem usado os dados do instrumento Low-Energy Charged Particle que viaja a bordo da Voyager 1 para deduzir a velocidade do vento solar. Quando a velocidade das partículas carregadas atingiram a face da Voyager 1 e a velocidade da sonda não foi alterada os pesquisadores sabiam que a velocidade do vento solar nessa região é zero. Isso aconteceu em Junho de 2010, quando a Voyager estava a aproximadamente 17 bilhões de quilômetros distante do Sol.

Pelo fato das velocidades poderem sofrer flutuações, os cientistas precisaram observar mais quatro leituras mensais antes de estarem convencidos que a velocidade do vento solar realmente tinha chegado a zero. A análise dos dados mostram que a velocidade do vento solar decaiu a uma taxa de 20 quilômetros por segundo a cada ano, desde Agosto de 2007, quando a velocidade do vento solar era de 60 quilômetros por segundo. A velocidade do vento solar tem se mantido em zero desde Junho de 2010.

“Quando eu percebi que estávamos registrando de forma sólida a velocidade do vento solar igual a zero, eu fiquei entusiasmado”, disse Rob Decker, pesquisador do Low-Energy Charged Particle Instrument da Voyager e que faz parte da equipe de cientistas do Applied Physics Laboratory da Johns Hopkins University em Laurel, Md. “Aqui está a Voyager, a nave em que trabalhamos por 33 anos, nos mostrando algo inteiramente novo novamente”.

Os cientistas acreditam que a Voyager 1 ainda não cruzou a concha mais externa da heliosfera. Ao cruzar a fronteira e entrar no meio interestelar significaria uma queda na densidade de partículas quentes e um aumento na densidade de partículas frias. Os cientistas estão colocando os dados dentro de seus modelos da estrutura da heliosfera e devem ser capaz de melhor estimar quando a Voyager 1 irá alcançar o espaço interestelar. Os pesquisadores estimam que atualmente a Voyager 1 irá cruzar essa fronteira em aproximadamente quatro anos.

“Em ciência, não existe nada como checar a realidade para transformar as coisas e a Voyager 1 está nos fornecendo bons fatos para isso”, disse Tom Krimigis, principal pesquisador do Low-Energy Charged Particle Instrument, que está baseado no Applied Physics Laboratory e da Academy of Athens, na Grécia. “Mais uma vez estamos a frente de dados para refazermos nossos modelos”.

A sonda irmã da Voyager 1, a Voyager 2 que foi lançada em 20 de Agosto de 1977 já alcançou a distância de 14.2 bilhões de quilômetros de distância do Sol. Ambas as sondas viajaram por meio de diferentes trajetórias e com diferentes velocidades. A Voyager 1 está viajando mais rápido, a uma velocidade aproximada de 17 quilômetros por segundo, se comparado com a velocidade de aproximadamente 15 quilômetros por segundo da Voyager 2. Nos próximos anos os cientistas esperam que a Voyager 2 experimente o mesmo tipo de fenômeno que a Voyager 1 está tendo agora.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2010-415&cid=release_2010-415&msource=vgr20101213&tr=y&auid=7497953

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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