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26 de dezembro de 2024

Sonda Cassini da NASA Faz Verdadeira Crônica De Toda a Vida Da Gigantesca Tempestade em Saturno


Novas imagens e animações feitas com dados obtidos pela sonda Cassini da NASA mostram o nascimento e a evolução da colossal tempestade que tem varrido a face norte de Saturno por aproximadamente um ano.

Esses novos mosaicos coloridos e as novas animações mostram a tempestade desde a sua geração como um pequeno ponto em uma única imagem a quase um ano atrás no dia 5 de Dezembro de 2010, até o seu subsequente crescimento transformando-se em uma imensa tempestade tão grande que é capaz de circular completamente o planeta Saturno desde o final de Janeiro de 2011.

A monstruosa tempestade, que se estende de norte a sul por aproximadamente 15000 quilômetros é a maior já observada em Saturno nas últimas duas décadas e é a maior já observada no planeta por uma sonda interplanetária. No mesmo dia em que as câmeras de alta resolução da sonda Cassini registraram as primeiras imagens da tempestade, os instrumentos de rádio e de onda de plasma da sonda detectaram as atividades elétricas da tempestade, revelando que ela era uma tempestade convectiva. A fase convectiva ativa da tempestade se encerrou no final do mês de Junho de 2011, mas as nuvens turbulentas deixaram suas presenças na atmosfera até hoje.

A tempestade já está ativa a 200 dias o que faz dela além da maior, a tempestade de mais longa duração circulando o planeta Saturno já observada. Outra tempestade registrada previamente em Saturno foi identificada em 1903 e durou por 150 dias. Outra grande perturbação na atmosfera de Saturno foi registrada pelo Telescópio Espacial Hubble há 21 anos atrás e se manteve ativa por somente 55 dias.

“A tempestade em Saturno é mais parecida com um vulcão na Terra do que com tempestades aqui observadas”, disse Andrew Ingersoll, um membro da equipe de imageamento da sonda Cassini baseado Instituo de Tecnologia da Califórnia em Pasadena. “A pressão vai crescendo por muitos anos antes da erupção da tempestade. O mistério é que como nos vulcões não existe uma rocha para resistir à pressão no caso das tempestades em Saturno, então o que poderia fazer com que elas demorem tantos anos para surgir?”

A sonda Cassini fez centenas de imagens dessa tempestade como parte da campanha chamada de Saturn Storm Watch gerenciada pela equipe de imageamento. Durante esse esforço concentrado, a sonda Cassini deu olhadas rápidas na tempestade entre outras observações planejadas sobre Saturno, suas luas e seus anéis. As novas imagens juntamente com outras imagens de alta qualidade registradas pela sonda Cassini desde 2004, permitem aos astrônomos traçarem as mudanças sutis no planeta que precederam a formação da tempestade e assim revelar novas ideias sobre o desenvolvimento da mesma, a velocidade de seus ventos e as alturas em que eles ocorrem.

A tempestade apareceu pela primeira vez na latitude aproximada de 35 graus norte em Saturno e eventualmente se desdobrou completamente circulando todo o planeta e cobrindo aproximadamente 5 bilhões de quilômetros quadrados. A maior perturbação que a sonda Cassini havia registrado anteriormente em Saturno ocorreu numa faixa de latitude no hemisfério sul do planeta chamada de Alameda das Tempestades, essa região recebeu esse nome, pois muitas vezes foram ali identificadas tempestades e perturbações na atmosfera de Saturno. Uma grande tempestade nessa região do planeta identificada pela sonda Casini durou alguns meses de 2009 até 2010. Essa perturbação na atmosfera foi na verdade criada por um conjunto de tempestades cada uma delas durando aproximadamente 5 dias e afetando o planeta somente de forma local. A recente perturbação identificada no hemisfério norte de Saturno é uma única tempestade que se mantém ativa e continua por mais de 200 dias e tem gerado conseqüências em quase um quinto de todo o hemisfério norte de Saturno.

“Essa nova tempestade é um tipo completamente diferente a qualquer outro já observado em Saturno anteriormente”, disse Kunio Sayanagi, um membro associado da equipe de imageamento da Cassini e cientista planetário na Universidade da Califórnia, Los Angeles. “O fato dessas explosões serem episódicas e estarem acontecendo em Saturno a cada 20 ou 30 anos está nos dizendo algo que está acontecendo nas profundezas do planeta, mas nós ainda não entendemos o que pode ser”.

Os planos atuais de continuar a missão até 2017, irá fornecer aos cientistas e à Cassini a oportunidade de testemunhar mudanças posteriores na atmosfera do planeta, como o progresso das estações para o verão no hemisfério norte de Saturno.

“A capacidade de estar em órbita e ser capaz de se virar para o planeta sempre que é necessário, tem permitido que possamos monitorar esses fenômenos extraordinários”, disse Carolyn Porco, líder da equipe de imageamento da sonda Cassini baseada no Instituo de Ciência Espacial em Bulder no Colorado. “Sete anos levando vantagem da sua posição e das oportunidades já faz da Cassini uma das missões planetárias mais produtivas em termos científicos que já existiu”.

A missão Cassini-Huygens é uma missão colaborativa da NASA, da Agência Espacial Europeia e da Agência Espacial Italiana. O Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena na Califórnia gerencia a missão para o Science Mission Directorate da agência em Washington. O módulo orbital da sonda Cassini e suas duas câmeras a bordo foram desenhadas, desenvolvidas e montadas pelo JPL. A operação da equipe de imageamento fica baseada no Instituto de Ciência Espacial em Boulder no Colorado. O JPL é uma divisão do Caltech.


Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2011-359&cid=release_2011-359&msource=11359&tr=y&auid=9882435#1

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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