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SOFIA Revela Os Segredos da Formação da Nebulosa do Cisne

A Universities Space Research Association, anunciaram, hoje, dia 2 de outubro de 2020, que o SOFIA, revelou uma nova imagem da Nebulosa do Cisne, mostrando que parte dela se formou de forma separada para criar a forma de cisne que observamos no céu hoje.

Apesar dos astrônomos estudarem a Nebulosa do Cisne por 250 anos, a nova imagem do SOFIA revelou detalhes nunca antes vistos do cisne, ou também como é conhecida, Nebulosa Omega. Essa é a imagem infravermelha mais detalhada já feita da nebulosa, revelando feições que observações anteriores feitas com outros telescópios espaciais não poderiam ver, incluindo estrelas massivas nos seus estágios iniciais de evolução. Os cientistas descobriram nove áreas onde a nebulosa está colapsando e um dia irão formar estrelas, chamadas de protoestrelas, que nunca tinham sido vistas antes. O estudo também descobriu evidências que a nebulosa não se formou de uma vez só, mas ela passou por diferentes eras de formação, que no final foram responsáveis por dar a forma que observamos hoje no céu.

Uma das mais brilhantes e mais massivas regiões de formação de estrelas na nossa galáxia, a Nebulosa do Cisne, ou Omega, lembra a forma do pescoço de um cisne quando é observada hoje no céu. Novas observações revelam que suas regiões se formaram de forma separada durante múltiplas eras de nascimento de estrelas. A nova imagem feita pelo Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy, ou SOFIA, está ajudando os astrônomos a contar a história e a evolução dessa nebulosa muito bem conhecida.

De acordo com Wanggi Lim, um cientista da Universities Space Research Association, no SOFIA Science Center localizado no Ames Research Center da NASA no Vale do Silício na Califórnia, “A nebulosa que observamos hoje no céu, guarda segredos que revelam o seu passado, e nós precisamos ser capazes de descobrí-los”. “O SOFIA nos permitiu fazer isso, então Podemos entender por que a nebulosa parece com o que observamos hoje”.

Descobrir os segredos da nebulosa não é uma tarefa fácil. Ela está localizada a mais de 5000 anos-luz de distância da Terra na constelação de Sagittarius. Seu centro é preenchido com mais de 100 das estrelas mais massivas e jovens da nossa galáxia. Essas estrelas podem ter muitas vezes o tamanho do Sol, mas as gerações mais jovens se formaram nos profundos casulos de poeira e gás, que são bem difíceis de serem observados, mesmo com telescópios espaciais. Devido à parte central brilhar intensamente, os detectores nos telescópios espaciais ficam saturados nos comprimentos de onda que o SOFIA estuda, algo similar ao que acontece quando você faz uma foto com uma grande exposição de algo muito luminoso, o sensor da câmera fica saturado.

A câmera infravermelha do SOFIA, chamada de FORCAST, que significa, Faint Object Infrared Camera for SOFIA Telescope, contudo, pode observar através desses casulos sem ter esse problema.

A nova imagem revela nove áreas, onde as nuvens da nebulosa estão colapsando, criando o primeiro passo para o nascimento de estrelas, as chamadas protoestrelas, que nunca tinham sido vistas antes. Além disso, a equipe calculou as idades das diferentes regiões da nebulosa. Eles descobriram que porções da forma do cisne, não foram criadas ao mesmo tempo, mas sim em épocas diferentes de formação de estrelas. A região central é mais velha, mais desenvolvida e provavelmente se formou antes. Depois, a parte norte da nebulosa foi formada, enquanto que a parte sul  da nebulosa é a mais jovem e foi criada mais recentemente. Mesmo, apesar, da área norte ser mais velha do que parte sul, a radiação e os ventos estelares, de gerações anteriores de estrelas, perturbaram o material ali existente, evitando que ele se colapsasse para formar uma próxima geração de estrelas.

“Essa é a visão mais detalhada já feita da nebulosa”, disse Jim De Buizer, um cientista sênior da Universities Space Research Association, no SOFIA Science Center que fica no Ames Research Center da NASA no Vale do Silício na Califórnia. “Essa é a primeira vez que nós observamos algumas das mais jovens e massivas estrelas, e começamos a entender de verdade como tudo isso se desenvolveu para formar essa conhecida nebulosa”.

Estrelas massivas, como as que estão na Nebulosa do Cisne, liberam tanta energia que elas podem mudar a evolução inteira de uma galáxia. Mas, menos de 1% de todas as estrelas são assim grandes, então os astrônomos conhecem muito pouco sobre elas. Observações anteriores dessa nebulosa feita com outros telescópios espaciais estudaram diferentes comprimentos de onda da radiação infravermelha, que não revelaram os detalhes que o SOFIA conseguiu detectar.

A imagem do SOFIA mostra o gás em azul, aquecido por estrelas massivas localizado perto do centro, e a poeira em verde que é aquecida tanto pelas estrelas massivas existentes, como pelas estrelas recém-nascidas. As protoestrelas recém-detectadas estão localizadas principalmente nas áreas ao sul. As áreas em vermelho perto da borda representam a poeira fria que foi detectada pelo Telescópio Espacial Herschel, enquanto que o campo de estrelas brancas foi detectado pelo Telescópio Espacial Spitzer.

O Telescópio Espacial Spitzer foi aposentado em 30 de janeiro de 2020, depois de operar por mais de 16anos. O SOFIA continua a explorar o universo infravermelho, estudando os comprimentos de onda do infravermelho médio e distante, com uma alta resolução, que não é conseguida por outros telescópios. Isso ajuda e muito os cientistas a entenderem  a formação de planetas e estrelas, e o papel dos campos magnéticos em dar forma ao nosso universo, além da evolução química das galáxias.

Fonte:

https://newsroom.usra.edu/sofia-reveals-how-the-swan-nebula-hatched/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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