O dia 24 de Janeiro de 2011 marcou o sétimo aniversário do pouso seguro feito pela sonda conhecida como Opportunity Mars Exploration Rover (MER) em Marte. A Opportunity logo, logo também irá comemorar outra marca importante, 2500 Sols em Marte, ou seja, 2500 dias marcianos explorando o planeta vermelho. Junto com a sua irmã gêmea, a Spirit, a sondas exploratórias da NASA com certeza figurarão para sempre como um dos maiores feitos da exploração espacial.
“Ninguém esperava que a Spirit ou a Opportunity chegassem tão longe”, disse Ray Arvidson. Arvisdson é o principal pesquisador para as sondas exploratórias Spirit e Opportunity.
Há 7 anos, no dia 24 de Janeiro de 2011, a sonda Opportunity da NASA entrou suavemente na atmosfera marciana a uma velocidade de 12000 mph com uma missão de vida ou morte com somente uma tentativa e sem a certeza da resposta. Assim começaram os chamados “Seis Minutos de Terror” enquanto a sonda entrava na atmosfera de Marte e tinha seus escudos aquecidos a temperaturas de 1400 graus Celsius durante a fase de entrada, descida e pouso, chamada de EDL. O mergulho espetacular da sonda foi reduzido pela fricção atmosférica no escudo de calor e uma complexa combinação de para quedas pré-programados e retro foguetes e no último momento por airbags infláveis desenhados para permitir que a sonda robótica caísse e fosse rebatida aproximadamente duas dezenas de vezes até gentilmente rolar e parar completamente no local programado.
No fim de tudo, a Opportunity sobreviveu intacta ao impacto do mesmo modo que a sua irmã gêmea a Spirit havia sobrevivido três semanas antes, quando pousou no planeta no dia 3 de Janeiro de 2004. A fase EDL foi o ápice de sete meses de trânsito interplanetário cruzando mais de 250 milhões de milhas entre a Terra e o Planeta Vermelho. Ambas as sondas foram lançadas do Cape Canaveral na Flórida no verão de 2003 a bordo de foguetes Delta 2. As irmãs exploratórias pousaram em lados opostos de Marte.
A Opportunity está completando 84 meses da missão originalmente programada para durar 3 meses, ela ainda está viva, e a cada dia praticamente fazendo brilhantes descobertas na região que ela explora em Meridiani Planum.
A sonda marciana já viajou mais de 26 quilômetros e fez mais de 148 mil fotos. Ela tem sofrido com algumas falhas mecânicas, mas falhas essas que impactam ela minimamente principalmente no que diz respeito a habilidade de cruzar a superfície do planeta e conduzir operações científicas.
Ambas as sondas sobreviveram muito além dos 3 meses de garantia programados pela NASA a partir do momento que a missão começou depois dos Seis Minutos de Terror. Nesta época, os membros da equipe da NASA acreditavam que as sondas poderiam operar por mais alguns meses.
“As sondas são nossos ativos sem preço”, disse Steve Squyres, da Cornell University que é o principal pesquisador científico da missão. Squyres e toda a equipe da sonda tratam cada dia com um senso de um urgência e como um brinde para a ciência.
Desde 2004, a longevidade da sonda tem superado todas as expectativas e ninguém nas equipes científicas ou de engenharia que construíram e operam as gêmeas podem acreditar que elas estão durando tanto tempo e produzindo tanta ciência.
“Nós temos um novo artigo científico sobre a Opportunity publicado no Journal of Geophysical Research (JGR). O artigo sobre a Spirit também apareceu recentemente. Em adição a isso existem mais 24 novos artigos científicos prontos para serem publicados em alguns meses em edições especiais do JGR cobrindo mais resultados da MER”.
A incrível longevidade está “muito além das expectativas mais otimistas daqueles que trabalham com as irmãs gêmeas”, de acordo com o Professor Jim Bell da Cornell Univesity. “Dizer que as sondas superaram nossas expectativas é pouco, nós realmente levamos abaixo tudo que pudéssemos esperar e estamos construindo uma nova história”. Bell é o cientista líder responsável pelo sistema de imagem de alta resolução das sondas chamado de Pancam.
“Após 7 anos ainda estamos muito animados”, disse Arvidson. “Eu fico feliz em poder vir trabalhar toso os dias com as sondas. É um grande trabalho que nós fazemos aqui para planejar toda a engenharia, dirigir a sonda, operá-las e então ver o resultado no dia seguinte”.
A Spirit e a Opportunity têm realizado uma série de fundamentais trabalhos científicos superando os mais loucos sonhos de todos os pesquisadores e dos oficiais da NASA. Atualmente as duas sondas estão estacionadas explorando verdadeiras minas científicas.
A Opportunity está atualmente explorando os subúrbios da Cratera Santa Maria com 90 metros de diâmetro. Essa cratera abriga depósitos de minerais que contém água que poderão elucidar questões sobre a potencial habitabilidade do Planeta Vermelho.
A sonda chegou na borda oeste dessa cratera relativamente jovem no dia 16 de Dezembro de 2010 (Sol 2451). Essa é uma parada intermediária no longo caminho de 19 km entre a Cratera Vitoria até a gigantesca Cratera Endeavour com 14 km de diâmetro e que fornecerá observações que poderão ser comparadas com os dados orbitais de detecção de afloramentos de minerais de sulfatos hidratados.
A Cratera Santa Maria está a apenas 6 km do anel oeste da Endeavour que mostra assinaturas espectrais de pilosilicatos, ou minerais de argila, que se formaram na água há 4 bilhões de anos e nunca foram diretamente analisados na superfície marciana.
Os pilosilicatos se formam em condições aquosas neutras que poderiam ter sido mais habitáveis e conducentes para a formação de vida do que os últimos episódios marcianos de condições mais ácidas onde se formaram sulfatos que a Opportunity já explorou durante os seus 7 anos de existência em Marte.
Desde o momento que ela pousou dentro da Cratera Eagle, a Opportunity tem feito uma turnê por crateras marcianas por toda a sua vida.
A Opportunity foi o resultado de um hole-in-one de 300 milhões de milhas interplanetárias, disse certa vez Steve Squyres, sobre a improvável possibilidade de acertar a sonda dentro da Cratera Eagle que tem 66 pés de diâmetro, após rebater sobre um terreno virtualmente plano e sem feições das empoeiradas planícies da Meridiani. Ela teve uma sorte de princesa desde o momento de seu nascimento onde conseguiu espiar rochas sedimentares em camadas de rocha no afloramento de embasamento no primeiro instante em que suas câmeras foram ligadas. Essa visão foi diferente de qualquer outro pouso anterior.
Sete dias depois de seu pouso ela foi guiada para fora da plataforma de pouso, perfurando os afloramentos e coletando dados científicos que provaram que a hematita estava presente e que a água líquida tina fluido na região da Meridiani como um lago ou como um mar raso no antigo planeta Marte.
Após completar sua campanha científica, ela escalou o anel da cratera onde pousou e deixou a Eagle para trás chegando em outra cratera, a Endurance 3 meses depois do dia do pouso.
Após numerosos testes, a Opportunity foi comandada de forma calma e vagarosamente para dentro da cratera. Ela desceu de forma gradual os 30 pés de parede frequentemente perfurando as rochas sedimentares e camadas de Marte que revelaram o passado molhado de Marte com um detalhe sem precedentes em apenas 6 meses de missão.
Em Dezembro de 2004, a Opportunity partiu em direção à Cratera Vitoria, que muitos acreditavam seria seu destino final. A sonda quase que morreu aprisionada na areia no Purgatório durante o caminho de dois anos sendo dirigida através das trincheiras das dunas marcianas.
A Opportunity chegou em Setembro de 2006 para então revelar os segredos da Cratera Vitoria em cores. A sonda gastou quase dois anos sendo dirigida para diferentes pontos ao redor do anel da cratera e então um pouco para dentro da cratera antes de partir em Setembro de 2008 em direção ao seu alvo atual, a gigantesca Cratera Endeavour.
A equipe que comanda a sonda espera alcançar a Endeavour em algum momento no final de 2011 se tudo correr bem, antes do seu oitavo aniversário. Então parabéns Opportunity.
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Fonte:
http://www.universetoday.com/82784/7-years-of-opportunity-on-mars-and-a-science-bonanza/