O subsistema do módulo Philae, conhecido como Sampling Drilling and Distribution (SD2) foi ativado quando as operações na superfície do cometa já estavam no final, apesar do medo que ele poderia alterar a precária posição do módulo depois do seu terceiro toque no cometa. Nesse post apresentamos as últimas atualizações da equipe do SD2.
O objetivo do SD2 era perfurar a superfície do cometa para coletar amostras e levá-las até os instrumentos COSAC e PTOLEMY localizados dentro do módulo. Ele foi o último dos dez instrumentos do módulo a ser operado.
A principal cientistas do SD2, Amalia Finzi relatou que a furadeira foi iniciada como planejado, se estendendo a cerca de 46.9 centímetros abaixo do deck de instrumentos do módulo e cerca de 56.0 centímetros do ponto de referência.
“Ela então foi retraída para a posição de referência, o carrossel girou de modo que o tubo de amostragem ficasse na frente do forno direito, a operação de descarga do tubo de amostragem para o forno foi completada e o carrossel girou de modo que o forno ficou posicionado na localização do instrumento COSAC”, disse ela.
Embora os fornos tenham trabalhado corretamente, os cientistas não sabem como, o material foi na verdade entregue para os fornos pelo SD2, ou se os instrumentos amostraram poeira ou gás que entrou na câmara durante o toque no solo do cometa.
Pelo fato do Philae não ter ancorado na superfície do cometa, é também possível que, se a furadeira tocou uma superfície particularmente dura, ela movimentou o módulo ao invés de perfurar a superfície. Além do mais, o instrumento SD2 não possuía sensores dedicados para determinar se ele tocou ou não a superfície, se uma amostra foi mesmo coletada no tudo, ou se ele descarregou mesmo algo nos fornos de análise.
Mas outros instrumentos a bordo do Philae, podem ajudar a entender o que realmente aconteceu. Por exemplo, a câmera ROLIS obteve duas imagens da superfície do cometa abaixo do deck de instrumentos do módulo, uma antes e outra depois do corpo principal do módulo ter sido levantado e rotacionado. Devido a esses movimentos, a pegada do SD2 pode ter aparecido nessas imagens e assim pode-se ter uma evidência visual se a furadeira interagiu ou não com a superfície.
“O que podemos ver no momento, pela telemetria dos instrumentos SD2 e COSAC não pode discernir com certeza entre a falta de amostra e a geração insuficiente de gás”, disse Amalia. “Uma imagem do CIVA-MV/MI seria necessária para essa proposta, que não estava disponível para a primeira amostra”.
Enquanto isso, análises do instrumento COSAC, com os dados obtidos de medidas feitas da superfície estão em andamento. Aparentemente o COSAC conseguiu dar uma “farejada” na atmosfera do cometa durante o primeiro toque, e detectar moléculas orgânicas. O instrumento PTOLEMY está também reportando sucesso na sua missão de ter coletado os gases ambientes do cometa. Análises do espectro e a identificação de moléculas detectadas por ambos os instrumentos estão em andamento.
Mario Salatti, Gerente do Programa Philae para a ASI adiciona: “Todos temos a esperança que o Philae acorde e nós possamos realizar muito mais medidas na superfície do cometa, incluindo a chance de perfurar novamente com o SD2. O local final onde o Philae parou não tem muito tempo de exposição a luz do Sol, mas por outro lado ele abre novas perspectivas. Como o Philae aparentemente está protegido pelas paredes, a temperatura local pode ser menor do que o local originalmente escolhido para o pouso. Assim, se o Philae acordar, quando o cometa estiver mais próximo do Sol e mais quente, o módulo pode ainda ficar operacional por mais tempo do que se esperava, possivelmente até o periélio, o que é extremamente animador”.
O SD2 (Sample Drilling & Distribution) foi concebido pelos tecnólogos na Agência Espacial Italiana, desenhado e desenvolvido pela SELEX ES em Milão, sob a responsabilidade científica da Principal Pesquisadora Prof. Amalia Ercoli Finzi, do Politecnico de Milano. Por mais de 10 anos, a equipe do SD2 tem planejado a sequência de operações do SD2 e validado, com uma unidade semelhante disponível nos laboratórios.
O Principal Pesquisador do Instrumento COSAC, Fred Goesmann, é do Max-Planck-Institut fur Sonnensystemforschung, em Katlenburg-Lindau, na Alemanha.
O Principal Pesquisador do PTOLEMY, é Ian Wright, da Universidade Open, em Milton Keynes, no Reino Unido.
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